Sunday, June 03, 2007

Texto 12 - LENIN, V.I. O Programa Agrário: da Social-Democracia na primeira revolução Russa de 1905-1907. São Paulo: Livraria Editora Ciências Humanas, 1980. (Conclusão)
Data: 26 de abril de 2007
A conclusão essencial que chega Lênin, em fins de 1907, é que o problema agrário é à base da revolução burguesa na Rússia e condiciona a peculiaridade nacional dessa revolução.
O autor entende que a essência do problema camponês é a destruição do regime latifundiário de posse da terra e dos restos feudais ainda existentes na Rússia e, consequentemente em todas as instituições sociais e políticas do país. Lênin analisa a concentração de terras e atesta que os latifundiários mantêm relações feudais, pois a base da propriedade agrária foi criada no regime de servidão e que a base da economia ainda é o regime de pagamento em trabalho, oriunda da corvéia com formas variadas de avassalamento dos pequenos camponeses. O desenvolvimento capitalista na Rússia é incompatível com a existência de traços feudais na agricultura e que essa eliminação se deu na forma de uma crise violenta. Reflete sobre a possibilidade dessa superação do feudalismo se dar a partir de duas vias distintas, a saber:
1) A via Prussiana de transformação do latifúndio em propriedade burguesa, tipo “Júnker”, transformando camponeses em deserdados da terra ou na forma de “Knechts”, por meio da violência, e, por fim, através da formação de Grossbauers (abastardos camponeses burgueses). Por essa via a contra-revolução latifundiária organiza a violência em todo o universo camponês e proletariado.
2) A via “norte-americana” de desenvolvimento do capitalismo, que mesmo sendo igualmente violenta, diferentemente da via Prussiana, se dá em favor da massa camponesa e não dos latifundiários, estes reacionários às mudanças no sentido econômico. Esse método é mais amplo, livre e rápido como conseqüência do crescimento do mercado interno e da elevação do nível de vida da maioria dos beneficiários. Lênin divaga sobre as dificuldades do processo na Rússia, em especial da burocracia residual do feudalismo presentes em todas as esferas políticas. Que lá, o camponês foi “arrancado” da terra surgindo de um lado o arrendamento e o abandono das terras, de outro, criando a economia dos granjeiros livres (Grossbauers da Rússia Junker).
Para formar essa economia de granjeiros seria necessário uma “limpeza” da terra de todo o resíduo feudal. Expressão dessa necessidade é a estatização da terra e a abolição da propriedade privada com apoio da maioria dos camponeses, vide Congresso da União Camponesa de 1905, na 1ª Duma, em 1906 e na II Duma em 1907. Posição esta em função da necessidade de se romper com as relações feudais de posse parcelada da terra, não por se constituir numa relação socialista, e sim, por se constituir numa relação burguesa. Burgueses e latifundiários colocaram-se ao lado da propriedade privada. De outro lado, camponeses e proletários se colocaram contra a propriedade privada da terra. Com isso, a experiência da primeira revolução de 1905/07 demonstrou que ela foi agrária, camponesa e a necessidade de se estatizar a terra.
O autor diz que a estatização das terras não é só o único processo de liquidar as formas medievais, mas também o melhor regime agrário concebível sob o capitalismo. Cita as causa dos desvios dos social-democratas deste caminho: a) a negação da renda absoluta, b) a cegueira quanto aos caminhos da revolução camponesa e, por último, c) o programa de municipalização (dos mencheviques, que não compreendiam a importância da aliança do proletariado aos camponeses para a vitória revolucionária).
Lênin diz como deve ser a luta revolucionária determinada pelo proletariado, sem regionalismos e sem o isolamento de diferentes nacionalidades. Que deve ser com a unidade dos camponeses para a vitória.
Conclui dizendo que “o momento (reação conservadora e reacionária à primeira revolução de 1905/7) é adequado para amplos programas agrários. Que quanto maior for esta “reação”, tanto mais retardará o desenvolvimento econômico inevitável, com tanta maior eficácia preparará um ascenso mais amplo do movimento democrático”.
No epílogo, Lênin recupera o final dessa publicação que foi destruída por conta da reação tzarista em 1908. Frisa que a guerra acelerou o processo capitalista na Rússia, transformando-o em capitalismo monopolista de Estado, que nem o proletariado nem a democracia revolucionária pequeno-burguesa podem limitar-se ao quadro do capitalismo. A estatização da terra não é só a “última palavra” da revolução burguesa, mas também um passo no sentido do socialismo. Que o proletariado tem a necessidade de transferir (o poder) dos soviets camponeses para os soviets operários rurais e exigir a estatização dos instrumentos (de trabalho) e do gado (rebanho) das fazendas latifundiárias e formação de granjas modelos sob controle dos soviets. Por fim, recomenda a leitura da bibliografia Bolcheviques e de seus folhetos: Cartas sobre tática e As tarefas do proletariado em nossa revolução. Em 28 de setembro de 1917.
Texto 11 - LENIN, V.I. O desenvolvimento do capitalismo na Rússia: o processo de formação do mercado interno para a grande indústria. 2 ed., São Paulo: Nova Cultural, 1985. 121 p. – (Introdução de José Paulo Netto)
Data: 11 de maio de 2007
Lênin busca neste livro uma nova construção teórica do que seria o mercado interno num país com fortes raízes feudais num processo de transição para o modo de produção capitalista. O autor parte das teses populistas que defendiam a passagem diretamente para o capitalismo, evitando-se o capitalismo ocidental e a guerra de classe, indo diretamente do subdesenvolvimento para o “socialismo agrário”. Os populistas entendiam que a viabilidade do capitalismo na Rússia era um grande problema, pois arruinaria a economia camponesa, limitando o mercado interno. Além disso, os mercados externos estavam saturados e sob controle das grandes potências econômicas ocidentais e a Rússia não teria espaço para sua expansão.
Em “Desenvolvimento”, Lênin apura o pensamento marxista onde a ruína camponesa não se traduz em liquidação do mercado capitalista. Ao contrário, é uma conseqüência da emergência capitalista, engendrando, com a industrialização, conflito de classes, desintegração campesina e formação do proletariado.
No Capítulo I da primeira parte do livro, Lênin apresenta seu referencial teórico para explicar o processo de formação de um mercado interno para o capitalismo. Analisa a existência da divisão social do trabalho e conclui que, diferentemente dos populistas, na Rússia inexiste a divisão social do trabalho.
No Capítulo II, o autor destrincha a economia rural russa de base camponesa, mostrando a sua desintegração em três segmentos: camponeses ricos, que irão compor a burguesia rural; o campesinato médio e os camponeses pobres que vão se tornar os proletários rurais.
Lênin analisa os censos agrícolas realizados pelos zemstvos (formas de auto-administração local sob a égide da nobreza) em várias regiões da Rússia buscando observar a diferenciação camponesa e as características fundamentais desse fenômeno. O autor parte da análise de relatórios e estatísticas oficiais e conclui dez pontos essenciais. A saber:
1) O campesinato russo estava inserido na economia mercantil e subordinado ao mercado; 2) a existência, no campesinato, de todas as contradições típicas de qualquer economia mercantil (proletarização, espoliação, uso de operários agrícolas etc.); 3) a desintegração do campesinato (descamponização), ou seja, o campesinato antigo não se diferencia, ele apenas deixa de existir, se destrói, é substituído pela burguesia e pelos proletários rurais, e, por fim, analisa a passagem da “renda em produto” em “renda em dinheiro”; 4) Com a desintegração, o desenvolvimento de grupos extremos em detrimento do campesinato médio e que a burguesia é o seu verdadeiro “senhor” (hegemonia); 5) O novo tipo de personagem – o proletário rural, operários assalariados que possuem um lote rural (tipo próprio a todos os países capitalistas – o cottager inglês, o parcelário francês, o Bobyl ou Knecht prussiano etc.); 6) O processo de descamponização, ou seja, eliminação dos médios; 7) a desintegração do campesinato cria um mercado interno para o capitalismo (artigos de consumo); 8) a continuidade da desintegração campesina com o êxodo rural (em especial o médio camponês); 9) A relação do capital comercial e usurário na desintegração campesina é analisada e Lênin conclui que o desenvolvimento autônomo do K comercial e usurário “trava” a desintegração do cmpesinato, por fim; 10) A existência dos remanescentes do regime de corvéia (pagamento em trabalho) que retarda a desintegração.
Nos capítulos seguintes (não analisados neste resumo) Lênin trabalha, no Capítulo III, a questão da propriedade privada agrícola; no capítulo IV, aborda mais diretamente a questão da mercantilização das atividades agrícolas; nos capítulos V, VI e VII o autor analisa o setor industrial, sendo que no capítulo V ele se detém sobre a forma como o capitalismo atravessa a antiga indústria doméstica e artesanal; no VI, o papel da manufatura capitalista que associada ao trabalho à domicílio torna-se o processo histórico de formação da indústria mecanizada, e; no VII, como a indústria vai realizar a separação definitiva com a agricultura. Eu encerro este resumo pelo prefácio da segunda edição onde Lênin situa a elaboração do presente livro: “Desenvolvimento”, num determinado momento histórico, pré-revolucionário (revolução de 1905/07). Ele afirma que num período revolucionário torna-se “impossível determinar (...) os resultados da evolução econômica”. Destaca que em função da base econômica vigente na Rússia, com fortes traços feudais, seria necessária uma revolução burguesa e que existem duas análises com diferentes visões de classe para este processo. A primeira, sob o pensamento social-democrata, que entende que a direção do processo revolucionário deve permanecer sob a direção da burguesia e da necessidade de se apoiar os “liberais”. Nessa perspectiva, Lênin considera que a massa camponesa seria expropriada e escravizada pelo sistema. Na segunda perspectiva, Lênin considera a destruição do latifúndio e dos pilares da “superestrutura” (feudal/czarista); o papel dirigente seria do proletariado e das massas camponesas. Com isso, haveriam condições objetivas para que o operariado pudesse cumprir sua “autêntica e fundamental tarefa – a transformação socialista”.
Texto 10 - MARX, K. Formações econômicas pré-capitalistas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 5. e., Coleção Pensamento Crítico, v.5, 1986. (com a introdução de Eric Hobsbawm)
Data: 09 de maio de 2007

Os “Grundrisse” foi um grupo de manuscritos escritos por Marx, anterior ao Capital, considerado como o último dos trabalhos de “envergadura”, de sua fase madura. Constou basicamente de dois documentos: o Prefácio do livro “Para a crítica da Economia Política” e do texto “Formações econômicas pré-capitalistas” - “Formen”. No “Prefácio”, Marx apontou para as questões da formação das relações sociais de produção e sobre o conflito entre as forças produtivas e as relações de produção, à luz do método do materialismo histórico ou dialético. No texto aqui analisado, “Formen”, escrito em Moscou entre 1857 e 58 e publicado somente em 1939/41, o autor aborda principalmente o problema da evolução histórica pré-capitalista, a partir da aplicação da sua teoria dialética. Apesar de não ser um livro de “história”, a “Formen” busca formular o conteúdo da história em sua forma mais geral (o progresso).
Marx inicia seu texto apresentando os pressupostos do trabalho assalariado e as condições históricas do capital, quais sejam: a) a existência do trabalho livre e a sua respectiva troca por dinheiro e, b) a separação do trabalho livre das condições objetivas de sua efetivação. Segue buscando a explicação para o conceito de “propriedade”, como unidade natural do trabalho. Diz Marx que no início “o relacionamento do trabalhador com as condições objetivas de seu trabalho é de propriedade; esta constitui a unidade natural do trabalho com seus pré-requisitos materiais”. A seguir, a “co-propriedade” no caso específico de uma comunidade. Marx analisa a relação de propriedade, não como criação de valor (de troca), mas como manutenção do trabalhador e da sua própria comunidade (valor de uso). Trabalhador como produto histórico em suas diferentes relações de apropriação às condições objetivas da vida, seja nas comunidades tribais (hordas), como em outras formas sociais (asiáticas). O autor analisa também diferentes situações onde a “unidade geral mais abrangente” se apresenta como “proprietário comum”, acima dos indivíduos, tornando os trabalhadores “não-proprietários”. Descreve a figura do “déspota” como o “pai de numerosas comunidades” o que produz uma “ausência” de propriedade. Em um momento seguinte da história, surgem os “senhores” (comunidades Romenas e Eslavas) e o aparecimento do regime de servidão. Marx cita outros sistemas sociais (Peru, México, Celtas, Índia etc.) onde a unidade natural do trabalho envolveu uma organização comum do trabalho variando de formas mais despóticas ou mais democráticas. De modo geral, ele enquadra em três (ou quatro) vias alternativas de desenvolvimento a partir do sistema comunal primitivo: a oriental, a antiga, a germânica (e a Eslava, pouco discutida).
O autor cita o aparecimento das cidades, produto da vida histórica, e a dinâmica inicial de suas formações: o comércio externo, seus territórios, a guerra (o grande trabalho comunal). Nesse momento da história a terra comum se separa da propriedade privada (separação entre os meios de trabalho e o objeto de trabalho). As trocas ficam cada vez mais especializadas e sofisticadas, até que surge o dinheiro e, com ele, a produção de mercadorias e, com a troca de mercadorias, o processo de acumulação de capital (que não se encontra ainda neste texto). No capitalismo, a separação do trabalhador aos seus meios de produção se completa (expropriação). Daí o trabalhador é reduzido simplesmente à “força-de-trabalho”. Por isso, o autor diz que somente no capitalismo o trabalhador se encontra livre para “vender” sua força de trabalho, se completando o processo de individualização do Homem - “o Homem só se torna um indivíduo por meio de um processo histórico”. Neste “Modo de Produção Capitalista” (Marx não utiliza este conceito nos Grundrisse), os trabalhadores experimentam um período histórico de intensa desumanização e hostilidade por parte do circuito do capital, entretanto, para Marx, esse processo social e histórico “encerra imensas possibilidades para a humanidade (...)”. Apesar de ser, para o autor, a etapa pré-histórica da sociedade humana, a era das sociedades de classes, ela propicia a passagem para a nova era, onde o Homem controlará o seu destino – “a era do comunismo”.
Para concluir, eu gostaria de registrar o caráter da pertinência dos estudos em bases do materialismo dialético, quando Hobsbawn, na página 64, se referindo a superioridade do método marxista, diz que: “Um cuidadoso estudo das Formen – que não implica a aceitação automática das conclusões de Marx – será de grande valia para este objetivo e, de fato, uma indispensável parte dele”.
Texto 08 - NEWBY, H. El desafio de la sociología rural en la actualidad. Comercio Exterior, México, v. 32, n. 4, p. 347-356
Data: 26 de abril de 2007

O autor apresenta em sua introdução as questões que ele considera relevante relacionada à crise da sociologia rural em especial durante a década de 70. Segundo alguns autores, parece que ela se encontra dominada por uma conjunção peculiar de problemas referentes ao seu objeto de estudo, sua pertinência teórica, sua responsabilidade publica e inclusive sua competência para fazer pesquisa.
Apresenta duas questões, um esforço de reflexão sobre crise da sociologia:
1) O paradoxo da recente difusão mundial da sociologia rural como uma sub-disciplina institucionalizada, e;
2) A urgente e necessária formulação de uma sociologia reflexiva. A crise provem da perda de confiança da sociologia rural anteriormente praticada.
O grande desafio é, pois, a formulação de uma nova sociologia rural. Trata-se de redefinir os velhos problemas dando-lhes formas novas. Tarefa esta que terá que exigir um conhecimento empírico muito responsável da estrutura e das relações sociais e, também, um conhecimento de certo caráter intimidante, combinado com uma teoria que explique essa estrutura e relações.
No item “As origens da crise”, o autor apresenta algumas questões que ele considera que não são excludentes, a saber:
a) Problemas de definição: Se traduz na existência de uma confusão teórica sobre o conceito de “rural”,em relação ao conceito de urbano e que a Sociologia rural Americana, oriunda dos “Land Grant Colleges”, tem uma característica positivista, indutiva, quantitativa, e aplicada. Um estilo que pode ser considerado um produto da “hegemonia paradigmática”. Dois problemas se desdobram: nenhum vínculo com a sociologia geral e carência de uma teoria aceitável da “sociedade”. Teoria que vincule o espacial com o social e incorpore a noção de continuo rural-urbano
b) Busca de uma legitimidade científica
Processo de atrelamento dos sociólogos rurais a grupos econômicos e agências fomentadoras de políticas acentuando o caráter aplicado desta ciência. Outra questão foi a busca da legitimidade científica alcançada a partir de métodos quantitativos e manejo de dados como forma de superar as dificuldades teóricas da sociologia.
Considerações Teóricas: O autor fala sobre o surgimento dos conceitos rural e urbano desvinculados do “continuum rural-urbano”. Que estes conceitos não eram variáveis explicativas, tampouco, categorias sociológicas.
O desafio atual: Considerar que os processos sociológicos que conformam uma determinada sociedade rural contemporânea, não podem ser reduzidos à categoria de “rural”, ou simplesmente de “extras rurais”, nem pode ser encarada com média de fatores.
A Teoria da Dependência: André Gunder Frank elaborou um teoria que se afastava do determinismo até então praticado na sociologia. Criou uma teoria de desenvolvimento social baseado na tese da dependência entre os diferentes fatores (fusão da teoria do desenvolvimento desigual, de Marx, e a teoria clássica), dependência no sentido de uma economia de um determinado país condicionada pelo desenvolvimento e expansão de outra economia na qual a incorpora.
A Teoria do Centro e da Periferia, que se contrapões à teoria da dependência. Dessa forma se enxerga o desenvolvimento a partir da relação espacial em vez de se considerar apenas cada um dos termos em si mesmos.
O Colonialismo Interno: considera apenas uma economia sob parâmetros marxistas vinculada ao modelo centro-periferia. Corresponde ainda a uma estrutura de relações sociais baseadas na dominação e exploração entre diferentes grupos sociais.
A Administração Rural: movimento que tratou de entender os processos de fluxo de recursos entre a cidade e o campo.
Conclusão: Uma nova sociologia rural ou uma sociologia da agricultura? Os debates apontam para uma sociologia que vinculem diretamente as preocupações teóricas da sociedade rural com as disciplinas em seu conjunto.
Texto 09 - MARTINS, J. de S. Crítica à sociologia rural: o futuro da sociologia rural e sua contribuição para a qualidade de vida rural. In: MARTINS, A. A sociedade vista do abismo. Petrópolis: Ed. Vozes, 2002. p. 219-228.

O texto discurso de Martins no X Congresso Mundial de Sociologia Rural, realizado no Rio de Janeiro, no ano 2000, inicia com uma reflexão sobre o processo de “desencantamento”, do ponto de vista Weberiano, que vem passando a Sociologia Rural. Em especial, no que diz respeito à relação com a agricultura familiar, segmento da sociedade que possui seus próprios códigos de conhecimentos e concepções de destino, de certa forma não compreendido historicamente pela prática dos sociólogos rurais brasileiros. Falta de compreensão, em especial, na questão da visão de retardamento ao desenvolvimento econômico e social.
Martins sociologia deveria ter sido moldada para compreender o modo de ser e de viver das comunidades rurais que são mediadas pela própria maneira de se inserirem no circuito de seus processos sociais e históricos. A sociologia se pautou muito mais pelo que os sociólogos gostariam que fosse, do que pela vontade e expressão genuína dessas comunidades rurais.
O autor afirma que “modernização” é um valor dos sociólogos e que para os rurais, as representações sobre este tema se ligam mais ao desemprego, desenraizamento, desagregação, dor e sofrimento. Que o êxodo rural vem desnudando uma perspectiva crítica quanto ao desenvolvimento capitalista e que esse deslocamento de massas já mostrou aos sociólogos que o rural pode subsistir fora da economia agrícola.
O autor cita o significado social do processo de desenvolvimento implementado no país após o Golpe de Estado em 1964 (e que José Graziano chamou de “Modernização Dolorosa”) e do processo engendrado de “contradesenvolvimento social”. Para a população rural era “resistência” ao que não havia sentido e nem compreendido.
Martins faz uma reflexão sobre o processo de ocupação territorial brasileiro a partir da década de 60, chamando de “modernização postiça”, em virtude dos enormes investimentos trnasferidos para grupos econômicos nacionais e estrangeiros que se utilizou de trabalho escravo e peonagem para seus megaprojetos agropecuários. E nesse processo histórico a sociologia estava ao lado deste pensamento hegemônico de modernização.
O autor relata sua experiência como membro da “Junta de Curadores do Fundo Voluntário das Nações Unidas contra as formas contemporâneas de escravidão”, que aponta a existência de mais de 200 milhões de pessoas submetidas à escravidão em todo o mundo e que a Sociologia Rural foi o instrumento de remoção de resistências às mudanças. Que ela elaborou diagnósticos para desmontar a sociedade tradicional, mas não teve competência para solucionar as crises decorrentes do processo de expropriação que as comunidades sofreram, para Martins, um processo social anômico.
Propõe que ao invés de se fazer um “mea culpa”, a sociologia rural faça uma uma revisão crítica de suas práticas e de seus rumos. Que se faça uma sociologia da sociologia rural e alerta que existe mais sociologia nas obras de Garcia Marquez, Manuel Scorza, Steinbeck, Saramago, Juan Rulfo e Guimarães Rosa do que nas complexas análises sociológicas clássicas. Se buscar construir uma sociologia do conhecimento, uma sociologia crítica, que remova os compromissos com a “engenharia social” e aponte para a dignidade e para a libertação humana. Aponta Martins que as comunidades rurais são autoras e consumadoras de um modo de vida que é também um poderoso referencial de compreensão das irracionalidades e contradições do mundo não rural e que o futuro da sociologia rural está nas mão das comunidades rurais. Que ela se liberte de uma concepção estamental do mundo rural
Para concluir, Martins observa o papel dos Movimentos Sociais que lutam pela posse da terra e que essa luta é um desafio à sociologia rural para desvendar seu protagonismo e criatividade campesina e que para compreender sociologicamente, o sociólogo rural deve reconhecer-se como membro da comunidade de destino das populações que estuda e lança um desafio final: mergulhar no sonho inventivo e regenerador que ainda há no mundo rural. Tanto para decifra-lo e preza-lo, quanto porque há nele a nostalgia do futuro e a negação das privações que o presente representa para muitos. =FIM=
Texto 07 - SOROKIN, P.A.; ZIMMERMAN,C.A.; GALPIN, C.J. Diferenças fundamentais entre o mundo rural e o urbano. In: Martins, J.S. (org.). Introdução crítica à Sociologia Rural. São Paulo: Hucitec, 1986. p. 198-224.

Os autores buscam, neste capítulo, escrito inicialmente em 1930, delinear as mais importantes diferenças entre o rural e o urbano. Dessa forma, fazem uma analogia aos animais e às plantas no que diz respeito às diferenciações humanas, seja do mundo rural quanto no urbano. Deve-se estuda-los em suas fases adultas, nos estágios mais desenvolvidos. Além disso, para se estudar este universo (do campo e da cidade), faz-se necessário estudar uma combinação complexa de vários traços típicos e diversas características.
Para tanto, constroem diversas “diferenças” que irão constituir as características diferenciais e definições “compostas” dos mundos rural e urbano. A saber:
I. Ocupacionais: cujas atividades características e fundamentais da população rural são a coleta e o cultivo de animais e plantas. Dessa forma tem-se uma sociologia da ocupação agrícola;
II. Ambientais: os agricultores estão mais expostos à natureza (solo, flora, fauna, água, sol, lua, vento, céu, chuva etc.). Apresentam no texto como as cidades antigas em diferentes civilizações separavam com muros as cidades (artificialidade) do campo (natureza);
III. No tamanho das comunidades: Em função das especificidades do rural a dispersão e a baixa concentração habitacional das populações ocupadas na agricultura, caracterizam essa população menor do que a comunidade urbana;
IV. Na densidade populacional: característica em função da relação com os diferentes tipos de cultivo e criação;
V. Na homogeneidade e na heterogeneidade das populações: Homogeneidade entendida como similaridade de características psico-sociais: linguagem, crenças, opiniões, tradições, padrões de comportamento etc. Nas cidades as populações se misturam como “num cadinho”;
VI. Na diferenciação, estratificação e complexidade social: As cidades apresentam maiores complexidades do que o rural em função de seu corpo social ser mais diversificado, mais especializado e com estruturas mais complexas; apresenta maior diferenciação ou heterogeneidade do material humano e em relação à divisão do trabalho os autores fazem um retrospecto histórico da formação das sociedades humanas e a divisão social do trabalho nesses momentos;
VII. Na mobilidade social: os aglomerados urbanos possuem uma mobilidade social horizontal e vertical maior do que as populações rurais (territorial; posições econômicas, políticas e sociais; dessa forma, a população rural é menos móvel do que a urbana);
VIII. Na direção da migração rural/urbana: As comunidades rurais têm sido o centro de produção de um excedente de seres humanos e as cidades o centro de consumo. Esse fenômeno indica que a migração populacional é unidirecional;
IX. No sistema de integração social: uma diferença qualitativa e quantitativa no sistema de contato e interação social dos membros de ambas as comunidades. As relações estabelecidas pelo agricultor é menos que o cidadão das cidades; As cidades se constituem em universos mais dinâmicos;
Dessa forma, no que diz respeito aos aspectos qualitativos temos:
1) A área do sistema de contato do indivíduo da comunidade rural é menor do que os da cidade; espacialmente mais estreita e limitada;
2) As relações face a face ocupam uma proporção menor no sistema social de interações de um urbanita em comparação com um indivíduo do meio rural;
3) No meio rural prevalece as relações “pessoais” nos sistemas de interação dos membros de uma comunidade rural;
4) No sistema de relações urbanas prevalecem relações causais, superficiais e de curta duração, em contraste com as relações rurais que são mais estáveis, permanentes, fortes;
5) No urbano o sistema de interação social é maior, o número de contatos mais numerosos, relações mais flexíveis, menos duráveis, e mais impessoais. O sistema de interação rural é menos diversificado externamente e tem um número menor de padrões empregado para várias classes de pessoas. Mas é mais individualizado, vai além da “roupagem social” de um homem e se aproxima ao coração.
Texto 06 - ANDERSON, A. Tendências na Sociologia Rural. In: MARTINS, J. S. (org.). Introdução crítica à Sociologia Rural. São Paulo: Hucitec, 1986. p. 181-197.
Data: 26 de abril de 2007
O autor faz uma reflexão sobre a Sociologia Rural, ramo da sociologia que pode ser considerado como um dos mais antigos na tradição sociológica. Destaca que esse ramo tem quatro tipos de contribuições: 1) compreensão dos aspectos estáveis e mutáveis da sociedade rural; 2) análises conceituais e construções teóricas de aplicação mais ampla; 3) inovações nos métodos de pesquisa e 4) assistência na formulação da política.
Anderson, entretanto, elabora uma série de problemas relacionados com o exercício profissional dos sociólogos rurais. Primeiramente, ele atribui que, naquele período, década de 60, havia muito pouca articulação entre a sociologia geral e o ramo “rural”. Existia, também, um provincianismo acarretado pela raiz cultural dos profissionais em questão, que causou problemas tanto no nível de treinamentos, como na maturação de ordem profissional.
No item, “A pobreza das contribuições teóricas e metodológicas”, o autor reconhece a importância da Sociologia Rural na formulação do estatuto teórico da Sociologia, entretanto, coloca que na maior parte dos trabalhos “recentes”, os mesmos são rotulados como, simplesmente, “descobrimento dos fatos”. Cita diversos autores que influenciaram o estado da arte em momentos anteriores como: Schuler, Galpin e Kaufman com suas pesquisas de campo e sobre o “informante local” na técnica de estratificação e os primeiros estudos sobre o rural-urbano, além do círculo familiar, que foram realizados por sociólogos rurais. Porém, cita a existência de um “fracasso” em campos como: “comparações inter-societárias” e no desenvolvimento de trabalhos de campo.
O autor apresenta a relação dos projetos que foram desenvolvidos no ano de 1956, ficando evidente o papel dos estudos sobre a difusão de práticas agrícolas e demografia. Cresceu também em importância temas como: educação, sub-urbanização, pessoas idosas, outras sociedades etc. As áreas que foram consideradas mais estáveis, em importância, foram: comunidade, participação social, o trabalho extensionista, estratificação, moradia, atitudes rurais, família e métodos de pesquisa. Em termos da pesquisa, pouca atenção foi dada à história da sociedade rural e, também, à políticas governamentais para o rural.
O texto faz uma reflexão sobre o tipo característico do sociólogo rural e aponta para a cultura da escola agronômica como responsável pelo recrutamento e perfil desses profissionais, encorajando uma “ atitude defensiva auto-destrutiva contra o desdém geral dos sociólogos (...)”. Aponta ainda o isolamento dessa escola e a evidencia, segundo o autor, da perda de identidade da Sociologia Rural frente a outras ciências do campo das Humanas, da Saúde e das Exatas, além da Economia. É evidente, para Anderson, que os Sociólogos rurais ficaram à margem da “teorização” e da preocupação com as “terminologias”, mostrando claramente que este profissional saiu do circuito intelectual da formulação epistemológica para sobreviver na rotina burocrática e vazia das escolas rurais.
Dessa forma, o autor apresenta temas que merecem ser aprofundados para solucionar essa crise:
a) a necessidade de se codificar (descobertas) e sistematizar (conhecimentos);
b) a necessidade de se continuar os projetos pioneiros;
c) a necessidade de se usar de forma mais imaginativa os dados do recenseamento;
d) a necessidade de se transformar a pesquisa aplicada em pesquisa política de ação;
Para concluir, o autor entende que a pesquisa sociológica deve ser integrada à análise econômica e que a mesma deve ter uma visão mais ampla de sociedade. Que deve haver uma participação maior de Sociólogos não-rurais nos foros da Sociologia Rural e que, por fim, fossem contratados (recrutamento) mais profissionais fora do campo rural e houvesse mais e melhores treinamentos técnicos.
Texto 5: Para a crítica da Economia Política (Karl Marx)
Introdução de Jacob Gorender e Introdução e Prefácio à Crítica da Economia Política
Data: 26 de abril de 2007

1- Introdução de Jacob Gorender
O autor apresenta nesta introdução um breve resumo da Crítica da Economia Política de Marx, abordando os tópicos: “Da Alienação ao Valor-Trabalho”, “Materialismo Histórico e Método da Economia Política”, a “Teoria da Mercadoria e do Dinheiro”, “Os Elementos da Teoria dos Salários” e, por fim, “O Fetichismo do Capital”. No primeiro item, Gorender faz um passeio sobre a obra Marxista, as concepções filosóficas e políticas que provocaram a crítica e a formulação epistemológica do autor, tais como Say, Adam Smith, Ricardo, Hegel, Feuerbach e outros, além da influência de seu amigo e colaborador Engels na trajetória de construção teórica do Materialismo Histórico.
Gorender nos ajuda e entender tanto o Prefácio quanto a Introdução (Grundrisse) à Crítica da Economia Política uma vez que é neste material que encontramos de forma mais contundente, os caminhos do método dialético de Marx.

2- Introdução à Crítica da Economia Política (Grundrisse)
Marx nos apresenta alguns pontos importantes das teorias de Adam Smith, Ricardo e Rousseau para discutir as visões dos filósofos e economistas que o antecederam e que atribuíam ao homem individual a origem ou ponto de partida para a busca do conhecimento econômico e social da sociedade moderna. Marx dialoga com a visão de Proudhon que não considera a gênese histórica dessa construção social.
O autor define o campo de análise como sendo a “Produção” num determinado grau de desenvolvimento social e da produção de indivíduos, e trabalha no sentido de mostrar as determinações existentes em diferentes modos de produção. A seguir, Marx aborda a relação da produção com a distribuição, com a troca e com o consumo mostrando que estas categorias fazem parte de um mesmo processo no circuito do Capital e, dessa forma, devem ser analisadas de forma a se entender todas as relações entre suas partes. Como resumo, cito um texto que nos mostra a relação explícita entre produção e consumo: “O indivíduo produz um objeto e, ao consumi-lo, retorna a si mesmo, mas como indivíduo produtor e que se reproduz a si mesmo. Desse modo, o consumo aparece como um momento da produção”. Em seguida, ele nos mostra as demais relações entre os processos de produção, distribuição, troca, circulação e consumo, concluindo que estes processos não são “(...) idênticos, mas que eles são elementos de uma totalidade, diferenças dentro de uma unidade”.
Para terminar, o autor descreve de modo muito claro e conciso o Método da Economia Política ou Método Dialético que, segundo ele, é o método cientificamente exato. A partir daí, podemos entender que o concreto é a síntese de múltiplas determinações e que a dialética exige que se faça sempre o caminho do todo para as parte e das partes para o todo como forma de construir um novo conhecimento.
Na última parte do Grundrisse, Marx aborda as relações entre: Produção. Meios de produção e relações de produção e enumera uma série de temas que deveriam ser desenvolvidos, possivelmente, dentro da obra “O Capital”, e faz um breve comentário sobre a arte. A relação entre a arte grega e a obra de Shakespeare e busca relacionar a arte com o desenvolvimento social.

3- Prefácio
Neste texto, escrito em 1858 e janeiro de 1859, Marx nos apresenta, além do vasto currículo, seu pensamento sobre a mercadoria, a moeda (ou circulação simples) e o capital em geral. Apresenta duas sínteses que podem ser resumidas em: a) “O modo de produção condiciona o processo em geral de vida social, político e espiritual” e “Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, ao contrário, é o se ser social que determina sua consciência”. =FIM=
Texto 04 - ARON, R. As etapas do pensamento sociológico. Coleção Tópicos, 6 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
Data: 19 de abril de 2007
Na apresentação do primeiro tópico “Teoria da Ciência”, o autor classifica a obra de Max Weber (1864-1920) em quatro categorias: 1) Estudos de metodologia; 2) Obras históricas; 3) Trabalhos sobre sociologia da religião, e por fim, 4) O “Tratado de Sociologia Geral: Economia e Sociedade”. O autor se fixa nas relações entre ciência e política (proximidade com a corrente filosófica “existencialismo” que vai surgir posteriormente).
Classifica os tipos de ação: 1) Racional com relação a um objetivo (lógica de Pareto); 2) Racional com relação a um valor (fidelidade à honra); 3) Ação afetiva ou emocional; 4) Tradicional (ditada pelos hábitos, costumes, valores e crenças). Weber busca compreender o sentido que o ator social dá à própria conduta. A racionalização como traço característico do mundo (o empreendimento econômico e a burocracia são racionais). E que o problema filosófico de seu tempo (existencial) era delimitar o setor da sociedade em que subsiste uma ação de outro tipo.
A investigação científica é uma ação racional em relação a um objeto (verdade). Objetivo que é mediado por julgamentos de valor da verdade demonstrada pelos fatos - argumentos universalmente válidos, por isso mesmo, também racional com relação a um valor. Weber define a racionalidade como resultante do respeito pelas regras da lógica e da pesquisa. Para ele, a ciência histórica e sociológica representa um fenômeno historicamente singular. Define o conceito de “Validade Universal” da ciência e a postura do cientista frente a seus juízos de valores na investigação.
Apresenta as características da ciência da história: 1) compreensiva; 2) históricas; 3) orientação pela cultura. E duas orientações: a) no sentido da história e b) no sentido da sociologia (reconstrução conceitual das instituições sociais). Weber coloca duas grandes questões: 1) a ciência não poderá dizer aos Homens como devem viver ou como as sociedades devem se organizar; 2) não poderá indicar à humanidade qual o seu futuro (se contrapondo à Marx). Coloca que a filosofia Marxista é falsa porque é incompatível com a natureza da ciência e da existência humana. Conclusão: O sociólogo se esforça para compreender como os homens viveram inumeráveis formas de existência, que só se tornam inteligíveis à luz do sistema próprio de crenças e de conhecimento de cada sociedade.
No tópico “História e Sociedade” o autor mostra que em Weber além das interpretações compreensivas do sentido subjetivo das condutas, faz-se necessária a determinação de como as coisas ocorrem? Como a crença influencia uma maneira de agir. Define as diferenças entre as causalidades histórica e sociológica e que a análise lógica nos coloca um problema: Como se poderia saber o que teria acontecido se o que aconteceu não tivesse acontecido?
Afirma que a teoria da causalidade, parcial e analítica é uma refutação da interpretação vulgar do materialismo dialético. Recusa-se a considerar que as ciências que têm por objeto a realidade humana sejam exclusivamente ou prioritariamente, históricas. Conclui resumindo a definição dos “tipos ideais de conceitos”.
Em “As antinomias da condição humana”, o autor faz um resumo elucidativo das ciências da cultura na página 761: “(...) as ciências da cultura são compreensivas e causais”. A relação de causalidade é (...) histórica ou sociológica. E que seu “objetivo é compreender os sentidos subjetivos, isto é, em última análise, a significação que os homens atribuem a sua existência”. Aron apresenta a antinomia fundamental, a saber, a “Moral da responsabilidade” e a “Moral da convicção” e apresenta as atitudes relacionadas à ação política.
No tópico “A Sociologia da Religião” o autor discorre sobre a moral da convicção e sociologia da religião. Daí a importante pergunta Weberiana: “Em que medida as concepções religiosas tem influenciado o comportamento econômico das diferentes sociedades?” Weber elabora o conceito de burocracia e se contrapõe tanto ao materialismo histórico de Marx, como a visão do papel dos aspectos técnicos da sociedade de Saint-Simon. Para ele, certa interpretação do protestantismo criou motivações que favoreceram a formação do regime capitalista.
Em “Economia e Sociedade” o autor apresenta o Tratado de Sociologia Geral de Weber que evidencia a originalidade da civilização ocidental. Procura explicar os conceitos referentes ao “Nominalismo” e “Individualismo”. No capítulo “Sociologia Política” procura exemplificar como opera a conceitualização apresentando os termos fundamentais: compreender, interpretar, explicar. Define ainda o conceito de “Ação Social” como comportamento humano e diferencia “costumes” de “hábitos”. Insere os conceitos de “probabilidade”, “ordem legítima” e “relação regular”. Trata ainda das tipologias das formas de dominação e, no final, descreve a diferenciação dos regimes políticos na história e o caso específico da Alemanha que, para Weber, existia um elemento tradicional (o imperador); um elemento burocrático (a administração do Estado); porém carecia de uma liderança política carismática (estadista) que, após sua morte, se consubstanciou no Nazismo entre 1933 a 1945.
Na última parte do livro “Nosso Contemporâneo”, o autor realça a importância do pensamento de Max Weber e as diferenças teóricas que o marcaram em relação ao marxismo. Retoma a controvérsia científica presente em “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” e seus dois problemas de fundo, a saber: 1) Histórico: Em que medida o espírito protestante influenciou a formação capitalista e 2) Teórico ou Sociológico: Em que sentido a compreensão das condutas econômicas exige a referência às crenças religiosas e aos sistemas dos mundos dos atores? O autor menciona as palestras que ocorreram no Congresso de Heidelberg durante as comemorações do centenário de nascimento de Weber em especial o debate com Marcuse na palestra Industrialismo e Capitalismo.
Texto 03 - DURKHEIM, E. As Regras do Método Sociológico. 5 ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1968.
Data: 13 de abril de 2007

No prefácio da primeira edição, publicada em 1895, Durkheim se preocupou apenas em apresentar o Método de sua teoria sociológica, onde o mesmo deve se afastar do senso comum como orientador dos fenômenos sociais. Segundo ele, “é preciso desconfiar sempre das primeiras impressões”. Apresentou também a questão fundamental do método que foi a consideração de que o fato social deve ser tratado como “coisa” cuja natureza não é passível de modificação fácil. Por fim, o autor se coloca numa posição “racionalista”, ou seja, que o objetivo do método é estender à conduta humana o racionalismo científico.
No prefácio da segunda edição, o autor reage às críticas teóricas que ele considera apenas de “controvérsias bastante vivas” e passa a apresentar com mais profundidade as três premissas fundamentais do seu “Método”:
1) A questão de que os fatos sociais devam ser considerados como coisas, não coisas materiais, mas sim, que constituem coisas tais como as coisas materiais. Neste ponto, ele valoriza a formulação da psicologia objetiva como ciência que, naquele momento, se preocupa em estudar os fatos mentais em suas externalidades, isto é, como coisas. Além disso, esboça a formulação sobre a necessidade de se estudar as “representações coletivas” (e também as representações individuais) de forma objetiva, para que possa ser “científica”.
2) A proposição que apresenta os fenômenos sociais como exteriores aos indivíduos, ou seja, que a “sede de tais fatos específicos é a própria sociedade que os produz, e não as partes desta, seus membros”. Destaca a evidência de que a matéria da vida social não pode ser explicada por fatores puramente psicológicos (estados individuais de consciência) e que as “representações coletivas” traduzem a maneira de como os grupos sociais se enxergam nas relações com os objetos que os cercam.
3) O autor procura explicar com mais detalhes a definição de “fatos sociais”, uma vez que criticavam o fato de Durkheim desvendar os fenômenos sociais a partir do processo de “coerção”. Por fim, define melhor o termo “instituição” que pode significar as crenças ou comportamento instituído pela coletividade, dessa forma, a sociologia poderia ser denominada “ciência das instituições, de sua gênese e de seu funcionamento”.
No Capítulo I - Que é Fato Social? - Durkheim discute quais fatos poderiam ser considerados “fatos sociais” e que forneceriam substratos para a ciência sociológica, diferenciando-a da psicologia e das demais ciências da natureza. Por ser externo às consciências individuais, o fato social se apresenta como coercitivo. Diferentemente dos fenômenos orgânicos e psíquicos, os fenômenos sociais “consistem em maneiras de agir, de pensar e de sentir exteriores aos indivíduos e dotados de um poder de coerção”. Ele só se manifesta onde existe uma organização definida (crenças, tendências, práticas constituídas etc.) e pode ser reconhecido pela existência de “sanções” ou resistências que “o fato opõe a qualquer empreendimento individual que tenda a violentá-lo”. Dessa forma, o método sociológico tem a necessidade de utilizar “artifícios metodológicos” como ferramentas para observar o fato social em estado de “pureza”, como é o caso do uso da estatística.
O autor apresenta uma maneira conformista e estática de ver a sociedade quando descreve a estrutura social em segmentos que tomaram o hábito de viver uns com os outros e concebe que há um fato social em si mesmo. Ele elimina o pluralismo da sociedade e da existência da luta e antagonismos entre as classes sociais
No capítulo II - Regras à Observação dos Fatos Sociais, o autor enuncia que “a primeira regra e a mais fundamental consiste em considerar os fatos sociais como coisas” e define os três corolários que dão sustentação ao método:
1) É preciso afastar sistematicamente todas as prenoções.
2) Escapar ao império das noções vulgares para voltar à atenção para os fatos. O sociólogo deve definir bem seus objetos de pesquisa a fim de que se saiba do que está cuidando. Esse objeto deve ser um grupo de fenômenos previamente definidos por características exteriores comuns. O objeto de cada problema, seja geral ou particular, deve seguir sempre o mesmo princípio.
3) Apesar de sempre se iniciar a observação sobre os fatos sociais a partir das sensações, num segundo momento o sociólogo deve se afastar da sua subjetividade e buscar a objetividade através dos instrumentos metodológicos. Deve buscar um ponto de apoio que elimine toda a subjetividade e observações pessoais.
Para concluir, Durkheim recomenda que caso se queira seguir a uma abordagem metódica, será necessário estabelecer os primeiros fundamentos da ciência em terreno firme. Aborda o domínio do social pelos aspectos que oferecem melhor possibilidade de apreensão da investigação científica. Por fim, ir cingindo mais de perto a realidade fugidia que o espírito humano talvez não possa jamais abarcar completamente.
Texto 02 - GIDDENS, A. Sociologia, Madri:Alianza Editorial, 1995; p. 40-59 e p. 743-769

Universidade Federal de Pelotas
Pós-Graduação em Agricultura Familiar
Aluno: Antonio Maciel Botelho Machado

No primeiro texto Guiddens na introdução apresenta as principais questões atuais da sociologia e a define como o estudo da vida social humana, dos grupos e sociedade e vai apresentar exemplos para dar a idéia sobre sua natureza e objetivos.
De que trata a sociologia? E fornece alguns exemplos... “O amor e o matrimônio”; “Saúde e enfermidade” e “Crime e castigo”
Implicações: a natureza da sociologia
Nestes três exemplos de sentimentos humanos naturalmente dados estão impregnados de influência de fatores externos. A sociologia se centra muito especialmente na vida social no mundo moderno e suas mudanças.
Giddens fornece vários exemplos do fazer e do pensar sociológico, a saber: Sociologia e senso comum,; perguntas sociológicas: fatos, comparativos, de desenvolvimento e teorias;
Conseqüências previstas e imprevistas da ação humana – os propósitos de nossa conduta e as conseqüências imprevistas que esta produz.
Que nos podem ensinar a sociologia de nossas próprias ações?
Estrutura e ação
Desenvolvimento de uma perspectiva sociológica
A sociologia é uma ciência?
Sobre a objetividade – sobre o distanciamento na pesquisa e pensamento teórico. A objetividade tem haver com a métodos de observação e discussão.

A importância pratica da sociologia
a) A compreensão das situações sociais
b) Consciência das diferenças culturais
c) Valoração dos efeitos das políticas
d) O aumento do auto-conhecimento
e) O papel do sociólogo na sociedade
Cabe ao sociólogo defender de forma ativa e levar a efeito ações públicas de defesa a sua crenças de mudanças sociais? Deve ser neutro? Sociólogo deve tomar partido
Comentários finais:
A sociologia como disciplina em que deixamos de lado nossa concepção pessoal do mundo para mergulhar nas influências que conformam nossas vidas e a de outros.


O desenvolvimento da teoria sociológica
Guiddens apresenta os principais pensadores que deram início ao pensamento sociológico, a saber:
a) Comte, que cunhou a expressão “sociologia” buscava a sua diferença em relação à “física social”. Acreditava que a sociologia deveria apontar para o bem estar da humanidade. Planos para a sociedade francesa e sociedades humanas em geral

b) Durkheim, influenciado por Comte, o considerava especulativo. Para ser científica a sociologia deveria estudar fatos sociais. Fatos sociais estudados como coisas. Mesmo rigor que as ciências naturais aplica para fatos da natureza. Estava interessado em conhecer as mudanças que sofria a sociedade pós revolução industrial. Estudou a divisão social do trabalho como parte do fenômeno da industrialização. Vinculo das mudanças sociais rápidas que criavam transtornos – anomia.

c) Marx – nunca se considerou um sociólogo mas sua obra cobria muitas áreas do conhecimento. Criou a concepção do materialista da história. Para ele as mudanças sociais estavam relacionadas por influencias econômicas, que por sua vez estão relacionadas com conflitos de classes que constituem o motor do desenvolvimento histórico. Estudou o desenvolvimento do capitalismo. As classes sociais: a dominante, que é a detentora dos meios de produção e a classe trabalhadora que vende a sua força de trabalho, gerando um conflito de classes. No futuro, para Marx, o socialismo vai suplantar o capitalismo. Mesmo com a crise do socialismo (queda do muro) Marx continuará como fonte intelectual nas ciências sociais.

d) Weber – suas preocupações se estenderam a diversas disciplinas: economia, direito, filosofia e história. Estudou o desenvolvimento do capitalismo. Influenciado por Marx manteve posição crítica em muitos pontos (concepção materialista da história) e atribuía menos relevância aos conflitos de classe. Concluiu que certos aspectos da doutrina cristã tiveram muita influência no desenvolvimento capitalista. Trabalhou a questão da burocracia do estado. Para ele é errado pensar em se estudar as sociedades humanas da mesma forma que se estuda o mundo físico.

O autor apresenta diversos pensadores que seguiram os passos de seus antecessores na construção do pensamento e ciência sociológica. Georg Mead que destacou a centralidade da linguagem e dos símbolos na vida social humana – o interacionismo simbólico.
Talcott Parsons - Teórico americano Estudos da família, da burocracia, as profissões e a política.. Contribuiu no desenvolvimento do funcionalismo..
Claude Lévi-Strauss intyroduziu ono estruturalismo na sociologia.
Enfoques atuais: O funcionalismo, o estruturalismo, linguagem e significado; Estruturalismo e Semiótica; o interacionismo simbólico; Símbolos; Marxismo.

O autor na introdução apresenta as principais questões atuais da sociologia e a define como o estudo da vida social humana, dos grupos e sociedade e vai apresentar exemplos para dar a idéia sobre sua natureza e objetivos.
De que trata a sociologia? Alguns exemplos...
a) O amor e o matrimônio: O autor mostra que nem o amor nem sua associação com o matrimônio são características dadas ao ser humano, mas que estão conformadas por influencias sociais mais amplas.
b) Saúde e enfermidade: a concepção de doença como mau funcionamento físico não é compartilhado em todas as sociedades e tem entendimentos diferentes em diversos grupos religiosos.
c) Crime e castigo: Até a idade média as execuções de condenados eram precedidas de torturas e sofrimentos físicos. Hoje, os condenados são aprisionados como forma de controlar e disciplinar seu comportamento. A noção de reabilitação para o convívio social e cidadão.

Implicações: a natureza da sociologia
Nestes três exemplos de sentimentos humanos naturalmente dados estão impregnados de influência de fatores externos. A sociologia se centra muito especialmente na vida social no mundo moderno (criado por radicais mudanças das sociedades humanas).

A mudança no mundo moderno
Antes a maioria da população vivia no rural e produzia sua própria subsistência. Hoje a grande maioria reside em grandes centros urbanos e, somente uma minoria produz o alimento.
Não são mudanças apenas no aspecto externo de nossa vidas, são mudanças que mudam de forma radical nossas vidas cotidianas.
A sociologia teve seu início em pensadores que buscavam entender o impacto inicial das transformações que acompanharam a industrialização no ocidente e continua sendo a ciência que se ocupa da análise de sua natureza. Nosso mundo de hoje e diferente do período anterior. A tarefa da sociologia é a de ajudar a entender este mundo e seu futuro.

Sociologia e “sentido comum”
A prática da sociologia é a de obter conhecimentos sobre nós mesmos, a sociedade que vivemos e outras sociedades distintas da nossa no tempo e no espaço.
7 afirmativas falsas do senso comum e as 7 questões que o sociólogo formula sobre estas mesmas questões.
Cabe ao sociólogo perguntar se com respeito a qualquer das crenças sobre nós mesmos. , por mais parecidas que sejam.
Muito de senso comum vem da obra de sociólogos (aumento do divórcio após a segunda guerra). É necessária muita pesquisa para produzir material de ano em ano sobre as pautas do matrimônio e divorcio. O mesmo pode dizer-se de numerosas áreas do nosso conhecimento de senso comum.

Perguntas sociológicas: factuais, comparativas, de desenvolvimento e teóricas
Perguntas factuais
Como somos membros de uma sociedade temos um certo grau de conhecimento sobre as leis que as regulam. Mas é muito provável que o conhecimento do indivíduo é seja esquemático e incompleto. Muitos aspectos do delito e da justiça merecem um estudo sociológico.
Que formas de delinqüência é mais comum?
Que proporção de pessoas implicadas são detidas pelo polícia?
Quantas são consideradas culpadas e encarceradas?
As estatísticas oficiais não são confiáveis para indicar o real valor da atividade criminal.

Perguntas comparativas:
Uma pergunta comparativa poderia ser: Em que medidas variam as pautas de conduta delitiva e atividade policial entre ambos os países?

Perguntas teóricas:
A pesquisa dos fatos (empíricas) se ocupam do como se sucedem as coisas.
A sociolog não se trata de mera compilação de fatos. Temos de saber por que ocorrem e para faze-lo temos de aprender a fazer perguntas teóricas, a fim de conseguirmos interpretar corretamente os fatos descobrindo as causas de qq tema no qual se centre um estudo particular.
Texto 01 - MARTINS, C. B. O que é sociologia. Coleção Primeiros Passos, 38 ed. – São Paulo: Brasiliense. 1994.

Universidade Federal de Pelotas - Pós-Graduação em Agricultura Familiar
Aluno: Antonio Maciel Botelho Machado

O autor apresenta no primeiro capítulo “o surgimento” da sociologia, termo que surge por volta de 1830, Owen, Wilian Thompson, Jeremy Bentham. Estes buscavam entender os processos econômicos e sociais que estava ocorrendo desde o século XVII, com o início da revolução industrial, fim do período feudal e surgimento do capitalismo.
Bacon já apontava para a substituição da teologia, para dar lugar à dúvida metodológica que permitiria um conhecimento objeto da realidade, tendência dos “racionalistas” após o século XVII (Vico, David Hume, Adam Ferguson e outros).
Os “iluministas”, ideólogos da burguesia, tiveram o papel “revolucionário” de minar as bases do sistema feudal com Montesquiu, Condorcet e outros. O autor apresenta o papel de pensadores como Saint-Simon, Cont, LaPlay e até mesmo Durkheim se empenharam em explicar a natureza e as conseqüências da revolução. Comte com sua teoria “positiva” buscava ensinar a aceitação da ordem existente, deixando de lado sua negação. Para ele, a sociologia deveria orientar-se por “leis imutáveis” da vida social.
No segundo capítulo – “a formação” - Martins apresenta a forma como a sociologia se forjou como ciência a partir das idéias de Comte, Durkheim, Marx e MaxWeber, dentre outros. O papel dos conservadores “profetas do passado”, Edmund Burk, Joseph de Maistre e Louis de Bonald que se pautaram na luta contra a herança iluminista. Os positivistas Saint-Simon, Comte e Durkheim buscaram dar uma nova roupagem ao velho discurso com o objetivo de defender os interesses dominantes da sociedade capitalista. Em Comte, as idéias iluministas levavam a uma desunião dos homens e para Durkheim, “a raiz dos problemas estava na fragilidade da moral da época em orientar adequadamente o comportamento dos indivíduos”.
Mais recentemente, na Inglaterra, Malinowski e Redcliffe-Brown iniciaram os trabalhos com o método de investigação funcionalista, a partir de Durkheim e nos EUA, Mertom e Parsons com o funcionalismo moderno.
Diferentemente do positivismo, surge com Marx e Engels, durante o século IXX, a teoria marxista para desvendar o modo de produção capitalista e instrumentalizar os trabalhadores na luta de classe.
A seguir, Martins apresenta Max Weber com a sua busca da “neutralidade” científica que o levou a estabelecer uma fronteira entre o cientista e o político. Incorporou as idéias de Kant, Nietzche, Sombart, Heidelberg e Troeltsch. Estudou a religião para decifrar a sua influência sobre a conduta econômica dos indivíduos e negou a utilização do método de investigação utilizado pelas ciências naturais.
No último capítulo, “o desenvolvimento”, o autor descreve a forma de condução da sociologia durante o século XX. Na França com Marcel Mäuss e Levy Bruhl; na Alemanha com Sombart, Marc Block, Henri Pirenne, Max Scheller e Karl Mannhein. Apresenta a escola de Chicago e a visão funcionalista hegemônica na sociologia (Malinowski, Radcliffe-Brown, Talcott Parsons etc). A posição anti-marxista da sociologia americana colocou-a num plano mais conservador (Bonald, Maistre, Burke e outros).
No campo marxista, a questão das ideologias na manutenção da dominação burguesa (Gramsci, Althusser, Poulantzas, Bourdieu e, mais tarde, a influência da escola de Frankfurt (Adorno, Horkheimer, Marcuse, Lukács), que reijeitaram a idéias da sociologia como ciência positiva.
Para o autor torna-se necessário que o sociólogo quebre seu isolamento e interaja com os grupos sociais, as classes e as organizações que procuram recriar a sociedade. É transformar a sociologia num instrumento de transformação social.