Saturday, August 04, 2007

Texto 17: WADA, Haruki. Marx y la Rusia revolucionaria

Introdução
Haruki Wada, pesquisador da Universidade de Tóquio, publicou este artigo em tela no ano de 1975. Nele o autor buscou, a partir de documentos da última fase da vida de Marx, encontrar pista sobre algumas visões do autor de “O Capital” sobre o campesinato que poderiam modificar a histórica polêmica entre marxistas e populistas na Rússia durante todo o século XIX. Essa reflexão contribuiria também, segundo Wada, para se entender as contradições do processo de industrialização que passou a sociedade japonesa. O caminho adotado foi a recuperação de cartas e rascunhos, em especial a carta que seria enviada ao editor do jornal Otechesvennye Zapiske e seus rascunhos e as cartas e rascunhos a Zasulich. Quase todas as referências ao processo russo encontram-se sob a forma de cartas e rascunhos. Por isso, fica difícil compreender qual foi a verdadeira opinião de Marx sobre a Rússia.
As motivações para este tipo de pesquisa:
§ Compreender a verdadeira história do pensamento social russo;
§ O lugar de Plekanov com sua versão de “marxismo” na Rússia;
§ Descobrir uma chave para compreensão da estrutura das economias capitalistas subdesenvolvidas;
§ Um esforço para reconsiderar o populismo russo sobre as bases das semelhanças entre as idéias de Marx sobre a Rússia em seus últimos anos de vida e as do populismo;
§ Um crescente interesse pelas comunas camponesas russas e;
§ Uma intenção por descobrir uma receita para resgatar a altamente industrializada sociedade Japonesa das profundidades de suas contradições

Marx morre e a carta a Zapiski não foi enviada. Engels tenta sua publicação em 1884, sem êxito, sendo publicada apenas em 86, o que causa reação de populistas como Gleb Uspenski, em “Amarga censura”.
Em 1890, Lênin, Plekanov e outros marxistas, visando não fortalecer as teses populistas afirmam que a carta não possui nenhum conteúdo expressivo que apontasse caminhos para a revolução russa.
Os rascunho só foram descobertos em 1911 por Ryazanov e Bujarin. Em 1923 foi redescoberta e publicada por Nikolaevsky, por um menchevique exilado. Ryazanov a publica com os rascunhos.
Os socialista revolucionários deram boas vindas a este material no resgate ao que havia sido desenvolvido pelos populistas russos e, também, que o programa descrito na carta era exatamente a base da teoria socialista revolucionária a respeito da revolução campesina, as exigências agrárias e as técnicas rurais.
Sujanov, na União Soviética, 1926 deu apoio à carta dizendo que “a comuna rural fui utilizada como meio para promover a coletivização da agricultura”. Historiadores não se manifestaram
1929, com a coletivização, a carta serve de apoio teórico (M. Potash, que era leninista). Seguem debates polarizados com A. Ryndich.

I – A questão com os populistas
Marx e sua posição radical contra o populismo russo em O Capital, Vol 1 de 1867. Pancada de Marx em Herzen que dizia que a comuna rural russa era exclusiva do mundo eslavo
Fev 1870 Marx estuda Russo influência de Danielson que dá o livro Situação da classe trabalhadora na Rússia, do populista Bervi-Flerovski – livre do otimismo russo (da contaminação) de Herzen – inevitabilidade da revolução russa.
Utin (oposição a Bakunin e Herzen) pede a Marx que o apresente na I Internacional, ele tinha posição populista em relação à comuna campesina
“Asnos” e “de todo esse lixo se deduz que a propriedade comunal russa é compatível com a barbárie russa, mas não com a civilização burguesa”.
Marx começa a mudar de idéia com German Lopatin (jul 1870), que pede p traduzir em russo Capital.
Lopatin elogia Chernyshevski - comentários sobre Princípios da Economia Política em Stuart Mill. Verdadeiro ponto de inflexão de Marx. Começa a ver: populismo e comuna em diferente perspectiva.
Marx escreve a Elizabeta Tomanovskaya, membro da seção russa da I Internacional. Posição de Marx era a de que a probabilidade da comuna, desafortunadamente sua dissolução e transformação em pequenas propriedades, em função das políticas do Governo (abolição da garantia coletiva)
Elizabeta pede para Marx ler (?) Haxthausen, citado por Chernyshevski, com dados sobre a comuna. “Alternativas”: a comuna iria desaparecer ou sobreviver no eixo da regeneração social da Rússia?
Após 1872, Marx volta à teoria (Comuna de Paris e Questões na I Internacional)
Inicia a 2 ed Alemã do Capital Vol 1., nessa versão, poucas correções, retira a (!) e a chacota a Herzen a seu “comunismo ruso”. Faz elogios a Chernyshevski que escreve a Tese: “que em função do desenvolvimento Ocidental seria possível que a Rússia saltasse da propriedade comunal para o socialismo”.
Marx, após essa tese, pede a Danielson informações sobre a origem das comunas. Dois livros:Materiales sobre lãs Arteles e um livro de Skaldin

II
Na edição francesa Marx muda o texto da versão alemã: (...) “Somente na Inglaterra tem uma forma clássica” por “(...) mas em todos os demais países da Europa ocidental estão atravessando o mesmo movimento” (mesmo com as comunas!).
Pode-se entender que Marx deixava aberta a hipótese de que na Europa Oriental/Rússia poderia ter outra via de evolução.
Nesse momento Engels polemiza com Pyotr Trachev sobre o livreto “Tarefas da propaganda revolucionária na Rússia” – chamou-o de “estudante novato”. A resposta foi a carta aberta ao Sr. Engels, Zurich, 1874. Marx comentou que Bakunin estava por trás. Porém, Marx percebeu, entretanto, que Trachev tinha razão e conhecia a realidade russa “a revolução não poderia esperar!”
Marx via o avanço (lento) do desenvolvimento econômico, na mesma direção da Europa Ocidental, e o início da desintegração das comunas (via formação de diferentes classes Kulacs) à o bem agora!

Engels, com Marx por trás, escreveu que Trachev não compreendeu que o socialismo só é possível quando forças sociais de produção haviam alcançado certo nível de desenvolvimento. Mostra a situação de proteção por parte do Estado aos burgueses e a especulação que os Kulacs imprimem aos camponeses. (Fonte de dados Skaldin).

Engels continua seu ataque a Trachev de que na Rússia é possível uma revolução socialista por que os russos são assi por dizer, o povo eleito do socialismo e tem artel (cooperativas) e propriedades coletivas da terra. Engels retruca dizendo que as cooperativas russas servem mais ao K do que aos trabalhadores. D deveria elevar-se ao menos ao nível das organizações cooperativas da Europa Ocidental. Que as Artel seria destruída pela indústria em grande escala a menos que siga se desenvolvendo (influência de Marx).

Engels acreditava que a única saída para as comunas seria a revolução proletária na Europa Ocidental. Como os proprietários camponeses russos estariam mais próximos do socialismo do que os trabalhadores sem propriedade na Europa ocidental? (Posição de Trachev)

Dois caminhos de desenvolvimento que Marx e Engels percebiam:
- a via do desenvolvimento capitalista ou,
- o caminho que levava diretamente a comuna rural ao socialismo.

As diferenças teóricas foram diminuindo...

III – Cartas a Mijailovski
A Guerra contra a Turquia e as perspectivas de derrota
Com a derrota o processo revolucionário em curso
Conversas com o Prof. Kovalevsky que estava havendo uma discussão em cima do Capital
Mijailovski critica o texto da acumulação primitiva como processo de um “progresso universal”. Ele considerava que Marx afirmava que todos os países devem experimentar exatamente o mesmo processo de expropriação do campesinato que havia sido sucedido na Inglaterra.

A primeira parte da carta de Marx – evitando falar da revolução e sem citar nomes
Questões já resolvidas: a critica em Herzen (comunismo russo) e elogios a Chernyshevski, como grande pesquisador e crítico russo. Compartilhamento das posições populistas de Chernyshevski, além disso, Marx fez estudos em língua russa e chegou a seguinte conclusão:
“Se a Rússia segue por um caminho que vem seguindo desde 1871, perderá a melhor oportunidade que a história há brindado jamais a uma nação, e padecerá as fatais desgraças do desenvolvimento capitalista”. Equivale a um chamamento ao povo Russo para uma revolução!
A segunda parta da carta (que não foi enviada)
Marx explicita o caráter localizado da acumulação primitiva na Europa Ocidental e que havia corrigido esse capítulo em 1875.
a) caso a Rússia tentasse se converter numa nação capitalista como as da Europa Ocidental, teria que converter grande parte dos campesinos em proletários e, logo,
b) teria que submeter-se às leis implacáveis deste sistema, como outras nações ocidentais. (posição diferente do Prefácio do Capital (ver texto marcado da página 83)

IV - Cartas para Zasulich (em 1877 ou 1878?)
Rússia vence a guerra contra a Turquia e aumenta o poder Czarista e se ampliam as lutas com os Populista revolucionários. Em fevereiro de 79 assassinato do Governador Kropótkin de Jarkov. No ano novo de 1880 Engels escreve para Wilhem Liebknecht, do Comitê da Vontade do Povo, refletindo sobre a Revolução Russa que se aproximava. Marx, por sua vez, se prestava a ajudar Leo Hartman
Hartman comunica N. Morozov que Marx estava lendo e apoiando o Programa dos terroristas russos, mas que não se pronunciaria entendendo que seu programa era diferente dos socialistas. Marx criticava o grupo Reparto Negro, de Plejanov, refugiados em Genebra (comunismo-anárquico-ateu).
Marx recebe em novembro de 80, mensagem do “Comitê do Partido Social Revolucionário Russo” e passa a não se referir mais à “Partido Terrorista” p.86
Em 1879 Marx leu: A propriedade comunal da terra: as causas, processos e conseqüências de sua dissolução, de KOVALEVSKI, M.M. que atribui aos ingleses a responsabilidade da dissolução da propriedade comunal da terra. Marx acrescenta a responsabilidade do Progresso econômico e da responsabilidade dos ingleses com ativos nessa destruição. Além disso, ele deixou notas muito detalhadas.
Na Coleção de Materiais para estudos da comunidade rural (Livre Sociedade Econômica e Associação Russa de Geografia) escreve: “A conseqüência da propriedade comunal da terra é esplêndida!”. No artigo de Semenov esta escrito que os camponeses russos praticam uma forma coletiva de exploração dos prados e que distribuem por igual a erva sagrada. Marx comenta isso na carta a Zasulich

Danielson em 17 de fevereiro escreve sobre as condições de pesadas cargas de impostos, vendiam os alimentos da subsistência e que os trens e os bancos estavam acelerando essas transações de grãos, empobrecendo os camponeses.
Famosa carta resposta de 10 de abril de 1879 para Danielson, onde Marx vincula tudo isto como um fenômeno característico de desenvolvimento capitalista nos países atrasados (estrutura específica para o capitalismo atrasado). Marx deve muito a ele, mas ainda não aceita a tese do fim da servidão e da crise absoluta do capitalismo russo.

Zasulich escreve em 16 de fevereiro solicitando parecer sobre os destinos da comuna rural. Segundo L. Deich entre 1880 e 1881, debate entorno do artigo de V.P.Vornontsov que a Rússia carecia das bases para um desenvolvimento capitalista e pede ajuda, no artigo, para Marx. Zasulich entretanto pede a Marx dizendo que seus “discípulos prediletos” diziam que a comuna russa era uma “forma arcaica” condenada à ruína. Pede que Marx escreva em nome do Grupo Reparto Negro. Marx, entretanto, baseia a resposta nas teses do “Vontade do povo”.

Os rascunhos da carta de Zasulich:
No Segundo rascunho: Que a acumulação primitiva não se aplica na Rússia; “circunstâncias históricas” que decidem os destinos da comuna rural e o seu lugar na cadeia histórica das organizações arcaicas da sociedade e suas formas alternativas de desenvolvimento. Termina dizendo sobre os pontos importantes que o momento afeta à comuna rural.

No primeiro rascunho:
Duas características principais da comuna agrária (dualismo): o coletivo e o individualismo. Que podem ser o germe de sua dissolução e ao mesmo tempo pode permitir que o aspecto da comuna que favorece o coletivismo supere o aspecto que favorece a propriedade privada.
A argumentação sobre o caso Russo resumido em três pontos
1- As comunas rurais se preservaram numa escala nacional;
2- Características estruturais:
a) a propriedade comunal da terra oferece à comuna uma base natural para a produção e apropriação coletiva;
b) a familiaridade dos camponeses com o “artel” facilitaria a transição da agricultura de parcela individual para coletiva;
c) Na exploração dos prados de propriedade comunal os camponeses já praticam uma forma de produção coletiva;
3- Circunstâncias históricas:
a) a transição da agricultura de parcela individual a trabalho cooperativo é vital para tirar a agricultura russa da crise, porém as condições materiais da transição já estão postos na forma de tecnologias do sistema capitalista;
b) “o público Russo” setor privilegiado da sociedade russa, deve bancar o adiantamento necessário para a introdução dos cultivos mecanizados
c) O desenvolvimento da comuna rural por esta via é exatamente o que as tendências históricas do momento pedem e provam as “crises fatais” que estão sacudindo a produção capitalista na Europa e América.
Apesar de Marx não falar em revolução proletária, ele já muda sua posição ou percepção da via pela qual o Ocidente adiantado há de servir como precondição para a revolução Russa. Antes Marx esperava apenas a revolução proletária na Europa e a conseqüente ajuda à revolução Russa. Hoje vê na tecnologia e na crise da produção capitalista.
Outro ponto de debilidade é a existência de um microcosmo localizado. Deve-se abolir o “volost” (governamental) e instituir “une assemblée de paysans” (assembléia de campesinos) elegidas por eles e servindo como instituição econômica e administrativa para proteção de seus interesses. O que aconteceu após 1905. Marx apaga a anotação que atribuía à fragilidade da comuna ser um “microcosmo localizado” e retoma no próximo rascunho.
No terceiro rascunho:
Retoma a questão do microcosmo localizado, conceito dinâmico e descarta a proposta mais estática dos comitês/volost. Para tanto Marx acentua a capacidade campesina de modificação em si mesma espontaneamente. (CAPACIDADE DE LUTA)
Marx se apóia em:
- Kovalevski à Estado por meio de suas políticas de exploração e opressão vem agravando conflitos de interesse dentro das comunas e desenvolvendo as sementes da decomposição.
- Danielson à Estado ajudando que se enriqueça a nova peste capitalista que está chupando a comuna.
E termina: “Se a comuna há de se salvar, torna-se necessário uma revolução russa.”
O autor, Wada, deduz que Marx não quis publicar sua posição com o “Reparto Negro”, de Zasulich, em função de sua ligação e afinidade com o Grupo “A Vondade do Povo”. Na carta de apresentação do trabalho Marx diz que a analise sobre o processo de acumulação primitiva apresentado em “O Capital” não se aplica à Rússia. Conclui com a afirmação de que: para que a comuna sirva de “ponto de apoio para a regeneração social na Rússia, as venenosas influências que a atacam por todos os lados devem ser eliminadas e logo devem assegurar-se as condições normais de um desenvolvimento espontâneo”.

V – A insatisfação de Marx
Março de 1881 assassinato do Czar Alexandre II – Marx e Engels entenderam que haviam condições para o estabelecimento da comuna russa.
Final de março, Engels escreve para A. Babel “as condições revolucionárias se anteciparam, estão amadurecendo”.
Carta para sua filha Jenny Longuet em 11 de abril, aplaudia a atitude de Zhelyabov e Perovkaya frente ao tribunal e o comentário sobre a carta que o Comitê Executivo da Vontade do Povo enviou ao Czar Alexandre III com refinada declaração de ‘moderação’.
Final de 1881 Marx estava esgotado mentalmente. Sua esposa faleceu em 02 de dezembro. Neste ano ainda visitou Ventnor.
16 de janeiro, regresso à Londres e carta de P.L. Lavrov necessidade de novo Prefacio para o Manifesto Comunista. Nele Marx, na versão para a tradução russa, escreve que “A única resposta possível para esta questão (...) é: si a revolução russa se converte em um sinal para a revolução proletária no ocidente, de modo que as duas podem complementar-se, então a atual propriedade comunal da terra na Rússia pode servir como ponto de partida para um desenvolvimento comunista”. Posição Engeliana que acreditava que a revolução russa uma vez iniciada seria seguida com toda a certeza pela Alemanha. Carta a Bernstein em 22 de fevereiro.
1882 Marx leu Os destinos do capitalismo na Rússia, de Vorontsov. Em 14 de dez escreve para sua filha Laura Lafargue

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