Saturday, August 04, 2007

Texto 13: KAUTSKY, Kahl. A Questão Agrária. Os Economistas, São Paulo: Nova Cultural, 1986.
(Resumo do trecho até o capítulo VI, inclusive)

Kautsky procura apresentar, sob a ótica marxista, a importância das classes do proletariado e do capitalista no modo de produção capitalista. Porém, que co-existem outras formas remanescentes de outros modos de produção pré-capitalistas e outras como embrião de futuras formas. Que o camponês é uma camada intermediária e que aponta sua luta para lados opostos em determinadas situações. Que se esperava que a luta entre grandes e pequenos estabelecimentos culminasse com a derrocada do pequeno o que facilitaria o domínio das massas camponesas pela luta proletária. Existência de uma “força misteriosa”, que tantas surpresas já causaram aos partidos revolucionários, que mantém o pequeno estabelecimento.
Para o autor, não se deve fixar apenas na luta entre o grande e o pequeno, nem se deve focalizar a agricultura como entidade isolada e desligada do mecanismo integral da produção social. Tampouco, não se trata de substituir o grande pelo pequeno. Que a agricultura não é cópia fiel da indústria. Encaminha questões para futuras pesquisas: o K se apodera da agricultura? Como o faz? Torna insustentáveis velhas formas?
Kautsky faz uma comparação entre o processo de formação da indústria e a sua influência no campesinato. O modo de produção capitalista se desenvolve, primeiramente, via de regra, nas cidades e na indústria. O desenvolvimento industrial já conseguiu modificar o caráter da agricultura. Antes a família camponesa medieval funcionava como uma cooperativa auto-suficiente. Produzia tudo para sua auto-subsistência. A má colheita, o incêndio, tudo se reconstruía, se reparava. O desenvolvimento da indústria gerou demandas de novos produtos da cidade causando a dissolução da indústria camponesa de consumo de subsistência. Antes a boa colheita era sinal de fartura. Hoje, com o mercado, é sinal de preços baixos e menos dinheiro.
A família camponesa funcionava como uma cooperativa doméstica e auto-suficiente. A aldeia era uma cooperativa auto-suficiente e economicamente fechada, propriedade fundiária comunitária. O campo tinha três afolhamentos, subdivididos em diversos campos cultivados menores. Nesses campos havia, para cada unidade agrícola, um lote de propriedade exclusiva. Além dessas terras havia a terra indivisa de uso comum – florestas e pastagens, explorada em regime cooperativo. Plantava-se trigo para a subsistência e o pastoreio, dominante, era atividade de interesse comum para toda a comunidade.
Os “Direitos Consuetudinários”, que significava nada exportar, tudo consumir na própria aldeia. Isso foi perturbado pela pressão do mercado por produtos da aldeia. Reduzem o tamanho das terras camponesas e com isso, desequilibram o sistema das 3 rotações.
Kautsky apresenta o funcionamento da agricultura moderna, como ciência, e sua adaptação à evolução tecnológica e do mercado que reduziu terras e ampliou as demandas.
Apresenta de forma detalhada e, à luz da teoria marxista, os elemento componentes da economia rural: o valor (que não tem o mesmo significado que preço), a mais-valia, o lucro, a renda diferencial e a renda fundiária absoluta e, por fim, o preço da terra
Kautsky escreve um longo capítulo discutindo a superioridade técnica do grande estabelecimento. Inicia situando a propriedade no período pré-capitalista onde a diferença entre a utilização de técnicas não existia entre a grande e a pequena propriedade. Apenas nas “plantações” havia diferenças. Nas demais, apenas o uso de animais fazia diferença.
Na agricultura a unidade familiar esta vinculada com a atividade produtiva. Ele faz comparações entre a exploração em grandes terras e em pequenas e mostra as vantagens das grandes extensões. Os ganhos de escala na estrebaria, na semeadura, no custo de preparação da terra, no uso de energia elétrica, o uso na máquina elétrica só seria vantajosa na grande.
Custos administrativos são menores nas grandes. No comércio e na educação. O custo de um agrônomo (burguesia) é grande para uma pequena propriedade. Nos transportes “o custo diminui (...) quem compra em grandes quantidades... compra melhor”. Cita John Stuart Mill que é defensor dos pequenos em função da quantidade de trabalho e do “esforço sobre-humano”. Escreve sobre a necessidade do trabalho infantil (12 anos) na pequena propriedade. As dificuldades quanto à moradia, moveis e utensílios, as vantagens em função das privações (alimentação) e do trabalho infantil. Para finalizar, o autor descreve o funcionamento das experiências em regimes de cooperativas e conclui com um questionamento: “Por que, de modo geral, a agricultura moderna, apresentando um desempenho tão bom em moldes capitalistas, não poderia funcionar em regime de cooperação?”

1 comment:

Vanessa Costa said...

Me ajudou a estudar, obrigada!