Sunday, June 03, 2007

Texto 06 - ANDERSON, A. Tendências na Sociologia Rural. In: MARTINS, J. S. (org.). Introdução crítica à Sociologia Rural. São Paulo: Hucitec, 1986. p. 181-197.
Data: 26 de abril de 2007
O autor faz uma reflexão sobre a Sociologia Rural, ramo da sociologia que pode ser considerado como um dos mais antigos na tradição sociológica. Destaca que esse ramo tem quatro tipos de contribuições: 1) compreensão dos aspectos estáveis e mutáveis da sociedade rural; 2) análises conceituais e construções teóricas de aplicação mais ampla; 3) inovações nos métodos de pesquisa e 4) assistência na formulação da política.
Anderson, entretanto, elabora uma série de problemas relacionados com o exercício profissional dos sociólogos rurais. Primeiramente, ele atribui que, naquele período, década de 60, havia muito pouca articulação entre a sociologia geral e o ramo “rural”. Existia, também, um provincianismo acarretado pela raiz cultural dos profissionais em questão, que causou problemas tanto no nível de treinamentos, como na maturação de ordem profissional.
No item, “A pobreza das contribuições teóricas e metodológicas”, o autor reconhece a importância da Sociologia Rural na formulação do estatuto teórico da Sociologia, entretanto, coloca que na maior parte dos trabalhos “recentes”, os mesmos são rotulados como, simplesmente, “descobrimento dos fatos”. Cita diversos autores que influenciaram o estado da arte em momentos anteriores como: Schuler, Galpin e Kaufman com suas pesquisas de campo e sobre o “informante local” na técnica de estratificação e os primeiros estudos sobre o rural-urbano, além do círculo familiar, que foram realizados por sociólogos rurais. Porém, cita a existência de um “fracasso” em campos como: “comparações inter-societárias” e no desenvolvimento de trabalhos de campo.
O autor apresenta a relação dos projetos que foram desenvolvidos no ano de 1956, ficando evidente o papel dos estudos sobre a difusão de práticas agrícolas e demografia. Cresceu também em importância temas como: educação, sub-urbanização, pessoas idosas, outras sociedades etc. As áreas que foram consideradas mais estáveis, em importância, foram: comunidade, participação social, o trabalho extensionista, estratificação, moradia, atitudes rurais, família e métodos de pesquisa. Em termos da pesquisa, pouca atenção foi dada à história da sociedade rural e, também, à políticas governamentais para o rural.
O texto faz uma reflexão sobre o tipo característico do sociólogo rural e aponta para a cultura da escola agronômica como responsável pelo recrutamento e perfil desses profissionais, encorajando uma “ atitude defensiva auto-destrutiva contra o desdém geral dos sociólogos (...)”. Aponta ainda o isolamento dessa escola e a evidencia, segundo o autor, da perda de identidade da Sociologia Rural frente a outras ciências do campo das Humanas, da Saúde e das Exatas, além da Economia. É evidente, para Anderson, que os Sociólogos rurais ficaram à margem da “teorização” e da preocupação com as “terminologias”, mostrando claramente que este profissional saiu do circuito intelectual da formulação epistemológica para sobreviver na rotina burocrática e vazia das escolas rurais.
Dessa forma, o autor apresenta temas que merecem ser aprofundados para solucionar essa crise:
a) a necessidade de se codificar (descobertas) e sistematizar (conhecimentos);
b) a necessidade de se continuar os projetos pioneiros;
c) a necessidade de se usar de forma mais imaginativa os dados do recenseamento;
d) a necessidade de se transformar a pesquisa aplicada em pesquisa política de ação;
Para concluir, o autor entende que a pesquisa sociológica deve ser integrada à análise econômica e que a mesma deve ter uma visão mais ampla de sociedade. Que deve haver uma participação maior de Sociólogos não-rurais nos foros da Sociologia Rural e que, por fim, fossem contratados (recrutamento) mais profissionais fora do campo rural e houvesse mais e melhores treinamentos técnicos.

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