Sunday, June 03, 2007

Texto 07 - SOROKIN, P.A.; ZIMMERMAN,C.A.; GALPIN, C.J. Diferenças fundamentais entre o mundo rural e o urbano. In: Martins, J.S. (org.). Introdução crítica à Sociologia Rural. São Paulo: Hucitec, 1986. p. 198-224.

Os autores buscam, neste capítulo, escrito inicialmente em 1930, delinear as mais importantes diferenças entre o rural e o urbano. Dessa forma, fazem uma analogia aos animais e às plantas no que diz respeito às diferenciações humanas, seja do mundo rural quanto no urbano. Deve-se estuda-los em suas fases adultas, nos estágios mais desenvolvidos. Além disso, para se estudar este universo (do campo e da cidade), faz-se necessário estudar uma combinação complexa de vários traços típicos e diversas características.
Para tanto, constroem diversas “diferenças” que irão constituir as características diferenciais e definições “compostas” dos mundos rural e urbano. A saber:
I. Ocupacionais: cujas atividades características e fundamentais da população rural são a coleta e o cultivo de animais e plantas. Dessa forma tem-se uma sociologia da ocupação agrícola;
II. Ambientais: os agricultores estão mais expostos à natureza (solo, flora, fauna, água, sol, lua, vento, céu, chuva etc.). Apresentam no texto como as cidades antigas em diferentes civilizações separavam com muros as cidades (artificialidade) do campo (natureza);
III. No tamanho das comunidades: Em função das especificidades do rural a dispersão e a baixa concentração habitacional das populações ocupadas na agricultura, caracterizam essa população menor do que a comunidade urbana;
IV. Na densidade populacional: característica em função da relação com os diferentes tipos de cultivo e criação;
V. Na homogeneidade e na heterogeneidade das populações: Homogeneidade entendida como similaridade de características psico-sociais: linguagem, crenças, opiniões, tradições, padrões de comportamento etc. Nas cidades as populações se misturam como “num cadinho”;
VI. Na diferenciação, estratificação e complexidade social: As cidades apresentam maiores complexidades do que o rural em função de seu corpo social ser mais diversificado, mais especializado e com estruturas mais complexas; apresenta maior diferenciação ou heterogeneidade do material humano e em relação à divisão do trabalho os autores fazem um retrospecto histórico da formação das sociedades humanas e a divisão social do trabalho nesses momentos;
VII. Na mobilidade social: os aglomerados urbanos possuem uma mobilidade social horizontal e vertical maior do que as populações rurais (territorial; posições econômicas, políticas e sociais; dessa forma, a população rural é menos móvel do que a urbana);
VIII. Na direção da migração rural/urbana: As comunidades rurais têm sido o centro de produção de um excedente de seres humanos e as cidades o centro de consumo. Esse fenômeno indica que a migração populacional é unidirecional;
IX. No sistema de integração social: uma diferença qualitativa e quantitativa no sistema de contato e interação social dos membros de ambas as comunidades. As relações estabelecidas pelo agricultor é menos que o cidadão das cidades; As cidades se constituem em universos mais dinâmicos;
Dessa forma, no que diz respeito aos aspectos qualitativos temos:
1) A área do sistema de contato do indivíduo da comunidade rural é menor do que os da cidade; espacialmente mais estreita e limitada;
2) As relações face a face ocupam uma proporção menor no sistema social de interações de um urbanita em comparação com um indivíduo do meio rural;
3) No meio rural prevalece as relações “pessoais” nos sistemas de interação dos membros de uma comunidade rural;
4) No sistema de relações urbanas prevalecem relações causais, superficiais e de curta duração, em contraste com as relações rurais que são mais estáveis, permanentes, fortes;
5) No urbano o sistema de interação social é maior, o número de contatos mais numerosos, relações mais flexíveis, menos duráveis, e mais impessoais. O sistema de interação rural é menos diversificado externamente e tem um número menor de padrões empregado para várias classes de pessoas. Mas é mais individualizado, vai além da “roupagem social” de um homem e se aproxima ao coração.

1 comment:

Anonymous said...

Estou a ler este artigo...sou estudante de Desenvolvimento Rural (Mestrado) em Mocambique. Penso que este e um bom canal para interagirmos