Sunday, June 03, 2007

Texto 04 - ARON, R. As etapas do pensamento sociológico. Coleção Tópicos, 6 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
Data: 19 de abril de 2007
Na apresentação do primeiro tópico “Teoria da Ciência”, o autor classifica a obra de Max Weber (1864-1920) em quatro categorias: 1) Estudos de metodologia; 2) Obras históricas; 3) Trabalhos sobre sociologia da religião, e por fim, 4) O “Tratado de Sociologia Geral: Economia e Sociedade”. O autor se fixa nas relações entre ciência e política (proximidade com a corrente filosófica “existencialismo” que vai surgir posteriormente).
Classifica os tipos de ação: 1) Racional com relação a um objetivo (lógica de Pareto); 2) Racional com relação a um valor (fidelidade à honra); 3) Ação afetiva ou emocional; 4) Tradicional (ditada pelos hábitos, costumes, valores e crenças). Weber busca compreender o sentido que o ator social dá à própria conduta. A racionalização como traço característico do mundo (o empreendimento econômico e a burocracia são racionais). E que o problema filosófico de seu tempo (existencial) era delimitar o setor da sociedade em que subsiste uma ação de outro tipo.
A investigação científica é uma ação racional em relação a um objeto (verdade). Objetivo que é mediado por julgamentos de valor da verdade demonstrada pelos fatos - argumentos universalmente válidos, por isso mesmo, também racional com relação a um valor. Weber define a racionalidade como resultante do respeito pelas regras da lógica e da pesquisa. Para ele, a ciência histórica e sociológica representa um fenômeno historicamente singular. Define o conceito de “Validade Universal” da ciência e a postura do cientista frente a seus juízos de valores na investigação.
Apresenta as características da ciência da história: 1) compreensiva; 2) históricas; 3) orientação pela cultura. E duas orientações: a) no sentido da história e b) no sentido da sociologia (reconstrução conceitual das instituições sociais). Weber coloca duas grandes questões: 1) a ciência não poderá dizer aos Homens como devem viver ou como as sociedades devem se organizar; 2) não poderá indicar à humanidade qual o seu futuro (se contrapondo à Marx). Coloca que a filosofia Marxista é falsa porque é incompatível com a natureza da ciência e da existência humana. Conclusão: O sociólogo se esforça para compreender como os homens viveram inumeráveis formas de existência, que só se tornam inteligíveis à luz do sistema próprio de crenças e de conhecimento de cada sociedade.
No tópico “História e Sociedade” o autor mostra que em Weber além das interpretações compreensivas do sentido subjetivo das condutas, faz-se necessária a determinação de como as coisas ocorrem? Como a crença influencia uma maneira de agir. Define as diferenças entre as causalidades histórica e sociológica e que a análise lógica nos coloca um problema: Como se poderia saber o que teria acontecido se o que aconteceu não tivesse acontecido?
Afirma que a teoria da causalidade, parcial e analítica é uma refutação da interpretação vulgar do materialismo dialético. Recusa-se a considerar que as ciências que têm por objeto a realidade humana sejam exclusivamente ou prioritariamente, históricas. Conclui resumindo a definição dos “tipos ideais de conceitos”.
Em “As antinomias da condição humana”, o autor faz um resumo elucidativo das ciências da cultura na página 761: “(...) as ciências da cultura são compreensivas e causais”. A relação de causalidade é (...) histórica ou sociológica. E que seu “objetivo é compreender os sentidos subjetivos, isto é, em última análise, a significação que os homens atribuem a sua existência”. Aron apresenta a antinomia fundamental, a saber, a “Moral da responsabilidade” e a “Moral da convicção” e apresenta as atitudes relacionadas à ação política.
No tópico “A Sociologia da Religião” o autor discorre sobre a moral da convicção e sociologia da religião. Daí a importante pergunta Weberiana: “Em que medida as concepções religiosas tem influenciado o comportamento econômico das diferentes sociedades?” Weber elabora o conceito de burocracia e se contrapõe tanto ao materialismo histórico de Marx, como a visão do papel dos aspectos técnicos da sociedade de Saint-Simon. Para ele, certa interpretação do protestantismo criou motivações que favoreceram a formação do regime capitalista.
Em “Economia e Sociedade” o autor apresenta o Tratado de Sociologia Geral de Weber que evidencia a originalidade da civilização ocidental. Procura explicar os conceitos referentes ao “Nominalismo” e “Individualismo”. No capítulo “Sociologia Política” procura exemplificar como opera a conceitualização apresentando os termos fundamentais: compreender, interpretar, explicar. Define ainda o conceito de “Ação Social” como comportamento humano e diferencia “costumes” de “hábitos”. Insere os conceitos de “probabilidade”, “ordem legítima” e “relação regular”. Trata ainda das tipologias das formas de dominação e, no final, descreve a diferenciação dos regimes políticos na história e o caso específico da Alemanha que, para Weber, existia um elemento tradicional (o imperador); um elemento burocrático (a administração do Estado); porém carecia de uma liderança política carismática (estadista) que, após sua morte, se consubstanciou no Nazismo entre 1933 a 1945.
Na última parte do livro “Nosso Contemporâneo”, o autor realça a importância do pensamento de Max Weber e as diferenças teóricas que o marcaram em relação ao marxismo. Retoma a controvérsia científica presente em “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” e seus dois problemas de fundo, a saber: 1) Histórico: Em que medida o espírito protestante influenciou a formação capitalista e 2) Teórico ou Sociológico: Em que sentido a compreensão das condutas econômicas exige a referência às crenças religiosas e aos sistemas dos mundos dos atores? O autor menciona as palestras que ocorreram no Congresso de Heidelberg durante as comemorações do centenário de nascimento de Weber em especial o debate com Marcuse na palestra Industrialismo e Capitalismo.

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