Sunday, June 03, 2007

Texto 03 - DURKHEIM, E. As Regras do Método Sociológico. 5 ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1968.
Data: 13 de abril de 2007

No prefácio da primeira edição, publicada em 1895, Durkheim se preocupou apenas em apresentar o Método de sua teoria sociológica, onde o mesmo deve se afastar do senso comum como orientador dos fenômenos sociais. Segundo ele, “é preciso desconfiar sempre das primeiras impressões”. Apresentou também a questão fundamental do método que foi a consideração de que o fato social deve ser tratado como “coisa” cuja natureza não é passível de modificação fácil. Por fim, o autor se coloca numa posição “racionalista”, ou seja, que o objetivo do método é estender à conduta humana o racionalismo científico.
No prefácio da segunda edição, o autor reage às críticas teóricas que ele considera apenas de “controvérsias bastante vivas” e passa a apresentar com mais profundidade as três premissas fundamentais do seu “Método”:
1) A questão de que os fatos sociais devam ser considerados como coisas, não coisas materiais, mas sim, que constituem coisas tais como as coisas materiais. Neste ponto, ele valoriza a formulação da psicologia objetiva como ciência que, naquele momento, se preocupa em estudar os fatos mentais em suas externalidades, isto é, como coisas. Além disso, esboça a formulação sobre a necessidade de se estudar as “representações coletivas” (e também as representações individuais) de forma objetiva, para que possa ser “científica”.
2) A proposição que apresenta os fenômenos sociais como exteriores aos indivíduos, ou seja, que a “sede de tais fatos específicos é a própria sociedade que os produz, e não as partes desta, seus membros”. Destaca a evidência de que a matéria da vida social não pode ser explicada por fatores puramente psicológicos (estados individuais de consciência) e que as “representações coletivas” traduzem a maneira de como os grupos sociais se enxergam nas relações com os objetos que os cercam.
3) O autor procura explicar com mais detalhes a definição de “fatos sociais”, uma vez que criticavam o fato de Durkheim desvendar os fenômenos sociais a partir do processo de “coerção”. Por fim, define melhor o termo “instituição” que pode significar as crenças ou comportamento instituído pela coletividade, dessa forma, a sociologia poderia ser denominada “ciência das instituições, de sua gênese e de seu funcionamento”.
No Capítulo I - Que é Fato Social? - Durkheim discute quais fatos poderiam ser considerados “fatos sociais” e que forneceriam substratos para a ciência sociológica, diferenciando-a da psicologia e das demais ciências da natureza. Por ser externo às consciências individuais, o fato social se apresenta como coercitivo. Diferentemente dos fenômenos orgânicos e psíquicos, os fenômenos sociais “consistem em maneiras de agir, de pensar e de sentir exteriores aos indivíduos e dotados de um poder de coerção”. Ele só se manifesta onde existe uma organização definida (crenças, tendências, práticas constituídas etc.) e pode ser reconhecido pela existência de “sanções” ou resistências que “o fato opõe a qualquer empreendimento individual que tenda a violentá-lo”. Dessa forma, o método sociológico tem a necessidade de utilizar “artifícios metodológicos” como ferramentas para observar o fato social em estado de “pureza”, como é o caso do uso da estatística.
O autor apresenta uma maneira conformista e estática de ver a sociedade quando descreve a estrutura social em segmentos que tomaram o hábito de viver uns com os outros e concebe que há um fato social em si mesmo. Ele elimina o pluralismo da sociedade e da existência da luta e antagonismos entre as classes sociais
No capítulo II - Regras à Observação dos Fatos Sociais, o autor enuncia que “a primeira regra e a mais fundamental consiste em considerar os fatos sociais como coisas” e define os três corolários que dão sustentação ao método:
1) É preciso afastar sistematicamente todas as prenoções.
2) Escapar ao império das noções vulgares para voltar à atenção para os fatos. O sociólogo deve definir bem seus objetos de pesquisa a fim de que se saiba do que está cuidando. Esse objeto deve ser um grupo de fenômenos previamente definidos por características exteriores comuns. O objeto de cada problema, seja geral ou particular, deve seguir sempre o mesmo princípio.
3) Apesar de sempre se iniciar a observação sobre os fatos sociais a partir das sensações, num segundo momento o sociólogo deve se afastar da sua subjetividade e buscar a objetividade através dos instrumentos metodológicos. Deve buscar um ponto de apoio que elimine toda a subjetividade e observações pessoais.
Para concluir, Durkheim recomenda que caso se queira seguir a uma abordagem metódica, será necessário estabelecer os primeiros fundamentos da ciência em terreno firme. Aborda o domínio do social pelos aspectos que oferecem melhor possibilidade de apreensão da investigação científica. Por fim, ir cingindo mais de perto a realidade fugidia que o espírito humano talvez não possa jamais abarcar completamente.

No comments: