Friday, November 23, 2007

Texto 5: WOLF, E. Sociedades camponesas. Rio de Janeiro: Zahar Editores. (Texto sem a referência completa)
Eric Wolf apresenta em uma perspectiva antropológica a questão camponesa a partir de seus problemas e dos aspectos econômicos de sua formação e organização histórica. Inicia o livro com a diferenciação entre o camponês e o “cultivador primitivo”. Enquanto este último realiza a troca dos excedentes diretamente no seu grupo social (relação simétrica), o camponês transfere seus produtos ou excedentes para as mãos de um grupo dominante (não simétrica). A seguir, situa o surgimento da agricultura na Ásia, como processo civilizatório (mais ou menos 9 mil anos a. C. segundo dados arqueológicos). No México, por volta de 7 mil a.C. e de maneira plenamente estabelecida em torno de 1500 a.C., onde se deu uma diferenciação na divisão funcional do trabalho.
Estabelece os conceitos de “mínimo calórico” e “excedente” para determinar o quanto de produção é necessário para a manutenção da vida do cultivador rural e a parte da produção que é efetivamente transferida. Separa dessa produção o que seria o “fundo de manutenção”, das partes que teriam uma função social como o fundo cerimonial, o custo relativo às participações sociais; o fundo de aluguel, para o resgate de dívidas com alguém que exerça um poder superior e, por fim, o fundo de poder, que é a parte apropriada pelos dominadores.
Mostra em diferentes situações geográficas o papel das cidades relacionado à crescente complexidade social e a relação das comunidades camponesas com os centros urbanos em diferentes momentos da história e o Estado como forma constituinte da civilização. Somente nesse momento, a partir de relações exteriores a seu extrato social o camponês assume um papel na relação com os detentores do poder. Apresenta o lugar do campesinato como produtor de reservas de riquezas e a posterior perda de importância em função da revolução industrial. Dessa forma, descreve o “dilema camponês”, ou seja, a necessidade de produzir o mínimo calórico, o fundo de manutenção e os fundos cerimoniais em contraposição às demandas externas e limitações com o tamanho da terra e força de trabalho. Nesse ponto, o autor apresenta as teses de Chayanov para justificar a lógica campesina de trabalhar apenas no limite da satisfação do consumo familiar.
Na segunda parte do texto, Wolf aborda os aspectos econômicos do campesinato, apresentando alguns sistemas utilizados para extrair sustento e excedentes, os “ecótipos camponeses”, que foram divididos em “paleotécnicos” (primitivos da primeira revolução agrícola – força de trabalho humana e animal) e o “neotécnico”(com a utilização de máquinas e implementos gerados pós revolução industrial). No ecótipo paleotécnico o autor descreve diferentes sistemas de uso da terra: pousios de curta e longa duração, pousios setoriais e cultivos permanentes ou hidráulicos, a eficiência e importância de cada um deles. Além disso, alguma variantes desses ecótipos como o “Mediterrâneo” e o “Continental ou transalpino” que misturam implementos rudimentares com diferentes formas de pousios. Por fim, quanto aos ecótipos neotécnicos utilizados a partir do século XVIII e descritos como: horticultura especializada, fazendas leiteiras, cultivo composto e, o último, relacionado com as culturas agrícolas dos trópicos.
O autor apresenta as formas de relacionamento do camponês com o mundo exterior à sua propriedade. Descreve os sistemas de zadrugas, da Eslávia Meridiona no século XIX; formas comunitárias existentes na Índia e Europa medieval com as corporações, o jajmani; além de outras formas mais modernas de relacionamento de mercado em redes de trocas, como os mercados secionais.
Na última parte do texto, Wolf discorre sobre a disposição dos excedentes camponeses. Estuda os mercados e as vinculações do campesinato, além das formas de influência do mercado com a composição dos preços das mercadorias, bens e serviços e os fatores de produção: terra e trabalho. Observa essa relação de mercado na Índia e na Europa e as diferentes formas de domínio sobre os camponeses, como por exemplo, os tipos: o patrimonial (feudal), de caráter hereditário; o prebendal, não hereditário, porém concedido pelo Governo e, o último, o mercantil, a terra vista como propriedade privada. Apresenta, para concluir, algumas experiências denominadas por “domínio administrativo” reguladas pelo Estado, como as vivenciadas na União Soviética, com os Kolkhoz, na China Popular, com as comunas e no México com os ejidos

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