Friday, November 23, 2007

Texto 10: LAMARCHE, H. A agricultura familiar: comparação internacional – uma realidade multiforme. Coleção Repertórios Campinas: Ed. UNICAMP, 1993, 336 p. p. 13-33.

A pesquisa de Lamarche discute a agricultura familiar em diferentes contextos e diferentes sistemas sociopolíticos, mostrando a existência de diferentes formas ou diversidades. Em alguns lugares ela aparece como: como ponta-de-lança do desenvolvimento; em outros, arcaica e de subsistência; aparece ainda como a única forma social de produção; e, em outros, é excluída do processo de desenvolvimento e até eliminada.
O autor inicia buscando a definição da exploração familiar como conceito de análise. Para tanto, inicialmente, ele conceitualiza como: “(...) uma unidade de produção agrícola onde propriedade e trabalho estão intimamente ligados à família”.
Parte para discutir sobre a ambigüidade da noção de exploração familiar. Mendras já escreveu sobre o fim do Camponês na França. O Camponês desapareceu, mas a agricultura familiar não. De qualquer forma, ele se define por: 1) inter-relações entre organização da produção e consumo; 2) trabalho familiar sem lucro; 3) objetivos de produzir valor de uso para os seus produtos. Para Mendras, cinco características: 1) autonomia; 2) importância estrutural do grupo doméstico; 3) sistema econômico de autarquia relativa; 4) sociedade de inter-relacionamentos; 5) função decisiva das personalidades de prestígio.
Na Tunísia, o modelo familiar tem origem no tipo Colonial com produção mercantil. Tanto no Sul do Brasil como em Quebec, no Canadá, o modelo foi baseado num tipo de colonização ocidental. O modelo camponês aparece como o fundamento da sociedade agrária. O autor analisa ainda os modelos: “original”; “ideal”; “empreendimento familiar”; simplesmente “familiar”; “subsistência” e, por fim, “empreendimento agrícola”. Qualquer que seja a exploração familiar ela vai se definir pelo seu modelo de funcionamento e pela classe social existente no interior do modelo agrícola. Daí a importância da tipologia.
O autor monta um esquema onde o eixo principal se define pelo grau de integração na economia de mercado, tendo de um lado, o Modelo Original (nem sempre camponês) e de outro, o Modelo Ideal (projetado para o futuro). Nesse eixo ele situa os demais modelos: “tribal”, de “subsistência” etc. e faz uma análise profunda sobre o significado das inserções dos diferentes modelos e suas especificidades. A partir daí, apresenta a capacidade de adaptação particular aos diferentes modelos e constrói o diagrama dos modelos com a integração aos mercados.
Em sua metodologia, o autor buscou, por uma abordagem qualitativa, comparar diferentes formas de sistemas de funcionamento da agricultura familiar (produção, fundiários, representações etc.) em diferentes contextos para tentar buscar o entendimento de seus funcionamentos a partir de um questionamento feito junto a pesquisadores renomados neste assunto em diferentes países e, também no nível local brasileiro. Dos países de capitalismo avançado foram escolhidos o Canadá e a França e das sociedades de capitalismo dependentes foi escolhido o Brasil em três distintas regiões: o Cariri, no nordeste; Leme, no estado de São Paulo e Ijuí, no Rio Grande do Sul. Por parte das sociedades em vias de desenvolvimento foi escolhida a Tunísia. Por fim, pelas sociedades ainda mantém o sistema coletivista como é o caso da Polônia (três comunidades: Drobin, Steszew e Zator).
Lamarche, para definir os critérios de uma tipologia comum, utilizou da experiência e da competência dos entrevistados em seus respectivos terrenos de pesquisas, onde cada um pôde propor uma análise tipológica dessas explorações e retirou, a partir dessas bases, a amostra representativa. Foi definido apenas, um quadro geral, comum, no qual deveria estar ancorada a tipologia com vistas a se evitar uma grande dispersão de informações e enfoques. Paralelamente, foram considerados também dados de estatuto, como por exemplo: idade, sexo, estatuto do chefe de exploração, etc. Mantendo-se um número reduzido de tipologias de exploradores (quatro ou cinco grandes tipos) a ser entrevistados (cinqüenta entrevistas por terreno).

2 comments:

Driele Galvão said...

VC TEM O PDF DESSE LIVRO?

Anonymous said...

TEM EM
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/621483/mod_resource/content/3/Lamarche%20introdu%C3%A7%C3%A3o.pdf